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Ano: 2025

Selo: Rings

Gênero: Jazz, Instrumental

Para quem gosta de: Baden Powell e Amaro Freitas

Ouça: Após a Tempestade e Cantiga de Caicó

7.8
7.8

Fabiano do Nascimento & Shin Sasakubo: “Harmônicos”

Ano: 2025

Selo: Rings

Gênero: Jazz, Instrumental

Para quem gosta de: Baden Powell e Amaro Freitas

Ouça: Após a Tempestade e Cantiga de Caicó

/ Por: Cleber Facchi 30/01/2025

Os últimos meses foram repletos de grandes colaborações para o sempre prolífico Fabiano do Nascimento. Depois de contribuir com o saxofonista e produtor estadunidense Sam Gendel, com quem deu vida ao bom The Room (2024), o violonista fluminense voltou a estreitar laços com a música brasileira no ainda recente Olhos D’água (2024), trabalho desenvolvido em parceria com o instrumentista brasiliense Daniel Santiago.

Interessante perceber que, mesmo após tantos encontros, do Nascimento continua a surpreender em mais um registro colaborativo, Harmônicos (2024, Ring). Dessa vez, o músico carioca colaborou com o violonista japonês Shin Sasakubo. Partindo de uma apresentação ao vivo dos dois artistas, o trabalho gravado quatro dias após esse primeiro encontro encanta pela delicadeza dos arranjos e uso calculado dos instrumentos.

Em geral, são composições que mais parecem conversas entre os dois instrumentistas. A própria faixa de abertura do disco, Primeiro Encontro, funciona como uma boa representação desse resultado. É como se cada novo movimento de um dos músicos gerasse uma resposta complementar. A diferença em relação a outros registros produzidos pelo músico fluminense, como o também colaborativo Rio Bonito (2022), junto do coletivo Itiberê Zwarg, está no completo reducionismo que orienta a construção de cada nova canção.

É como se do Nascimento e Sasakubo nunca ultrapassassem o que parecer um limite pré-estabelecido logo nos minutos iniciais do trabalho. Um delicado jogo de sensações que vez ou outra autoriza o uso de efeitos e outros componentes que ampliam os rumos da obra, conceito reforçado na própria faixa-título do disco, mas em nenhum momento diminui a sutileza dos violões e propositada economia imposta pela dupla.

Embora parta de uma abordagem minimalista, Harmônicos está longe de parecer um registro limitado ou excessivamente contido. Diferente de obras como Das Nuvens (2023), em que pecava pelo reducionismo e caráter moroso das composições, do Nascimento e Sasakubo utilizam de uma abordagem contida para valorizar os detalhes. Frações instrumentais que tanto ocultam como revelam o que há de mais precioso.

Dessa forma, mesmo velhas conhecidas no repertório do violonista fluminense, como Rio Tapajós e Ykytu, ganham novo significado quando observadas como parte do presente disco. São canções que preservam a essência dos antigos trabalhos do instrumentista, porém, encontram no violão complementar de Sasakubo um jeito novo de explorar e potencializar o que há muito parecia consolidado na obra do músico carioca.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.