Ano: 2024
Selo: Grand Paradise
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Oso Oso e The Hotelier
Ouça: Hell 99, Gratitude e Secret History
Ano: 2024
Selo: Grand Paradise
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Oso Oso e The Hotelier
Ouça: Hell 99, Gratitude e Secret History
O grito atormentado do vocalista Conor Murphy logo nos minutos iniciais de Secret History é fundamental para ambientar o ouvinte ao quinto e mais recente trabalho de estúdio do Foxing. Sequência ao material entregue no morno Draw Down the Moon (2021), o registro não apenas traz de volta a essência raivosa do grupo original de St. Louis, no Missouri, como ainda se aprofunda em uma série de questões existenciais que evidenciam a potência da banda completa pelos músicos Jon Hellwig, Eric Hudson e Brett Torrence.
São canções que discutem as desilusões da vida adulta, resgatam antigos traumas e mergulham em dores recentes compartilhadas pelos próprios integrantes da banda. “Jogue fora toda a alegria e mostre métricas para os meus fracassos”, canta Murphy na amarga Hell 99, uma das várias composições que destacam a sensação de descrença que paira sobre o material. É como uma extensão temática de tudo aquilo que o grupo havia testado em Nearer My God (2018), porém, partindo de uma abordagem ainda mais visceral.
O próprio direcionamento dado aos arranjos parece contribuir ainda mais para esse resultado de essência catártica. Como indicado logo na música de abertura do disco, parte expressiva da obra se sustenta no uso destacado das guitarras de Hudson, sempre ruidosas e truculentas, além da bateria espancada de Hellwig. Instantes em que a banda traz de volta a dramaticidade explícita no introdutório The Albatross (2013) sem necessariamente se repetir, potencializando as angústias que se instalam e crescem dentro de cada faixa.
Entretanto, para além da evidente ferocidade que move o trabalho, a grande beleza do disco se sustenta na capacidade da banda em alternar momentos de fúria e calmaria. É como se para cada momento de maior intensidade houvesse uma contraparte que destaca a sensibilidade do quarteto em estúdio. Exemplo disso fica bastante evidente em Spit, música que tem seus momentos de explosão, porém segue o caminho oposto ao explorado em Hell 99, destacando a relação com o soul e vozes que fazem lembrar do TV On The Radio.
É como se o grupo, longe de seguir em uma única direção criativa, aos poucos ampliasse o próprio campo de atuação, resultando em uma sequência de músicas que fascinam pela complexidade de seus elementos. Perfeita representação desse resultado é o que acontece em Grayhound. Enquanto os versos mais uma vez destacam o lirismo angustiado da álbum (“Eu tenho me sentido / Como se não conseguisse respirar / Nos últimos dez anos”), camadas de sintetizadores, efeitos e vozes conduzem o ouvinte para um novo território.
Claro que, nesse esforço em explorar diferentes possibilidades, o grupo acaba esbarrando em uma série de canções menos inspiradas ou que não levam a lugar algum. A própria sequência de fechamento do disco, formada por Dead Internet, Hall of Frozen Heads e Cry Baby, surge como uma versão menos interessante daquilo que o quarteto apresenta nos minutos iniciais da obra. Dessa forma, o quinto álbum do Foxing se firma como um trabalho de contrastes. Um espaço conceitual em que a intensidade emocional encontra momentos de maior vulnerabilidade, refletindo os altos e baixos de uma banda que continua a se desafiar.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.