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Crítica

Haim

: "I Quit"

Ano: 2025

Selo: Columbia

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: MUNA e Lorde

Ouça: Relationships, Lucky Stars e Take Me Back

6.0
6.0

Haim: “I Quit”

Ano: 2025

Selo: Columbia

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: MUNA e Lorde

Ouça: Relationships, Lucky Stars e Take Me Back

/ Por: Cleber Facchi 04/07/2025

Sabe quando entramos empolgados em uma sala de cinema, somos atraídos pela narrativa em boa parte da sessão, mas começamos a perceber que o tempo não passa, os personagens deixam de ser atrativos e acabamos se espalhando de forma preguiçosa no encosto da poltrona? É exatamente essa a sensação que as integrantes do Haim conseguem causar em I Quit (2025, Columbia), quarto disco de inéditas da carreira.

Sequência ao material entregue em Women in Music Pt. III (2020), obra-prima do trio formado pelas irmãs Alana, Danielle e Este, o registro produzido em colaboração com Rostam Batmanglij, parceiro de longa data do grupo, está repleto de boas canções, porém cria longos espaços entre um momento de maior destaque e outro. É como se, em uma tentativa de justificar o intervalo de tempo que separa o disco anterior do novo álbum, a banda levasse para dentro de estúdio tudo aquilo que foi acumulado nesses últimos cinco anos.

O resultado desse processo está na entrega de uma obra inchada e que acaba se estendendo para além do necessário. A própria sequência de fechamento do trabalho, com tudo que chega após Everybody’s Trying To Figure Me Out, parece repetir boa parte dos conceitos, temas instrumentais e estruturas exploradas na porção inicial do registro. Ainda assim, quando o grupo californiano acerta em I Quit, ele acerta em cheio.

Música de abertura do registro, Gone é um bom exemplo disso. Enquanto os versos tratam sobre libertação pessoal, como uma resposta de Danielle ao fim do namoro com o produtor Ariel Rechtshaid, com quem a banda vinha colaborando desde Days Are Gone (2013), trechos de Freedom! ’90, de George Michael, levam o som do trio para outras direções. E ela está longe de parecer a única composição de destaque em I Quit.

Em Lucky Star, guitarras levemente distorcidas compõem o pano de fundo instrumental da faixa que trata sobre a (re)descoberta do amor em uma conexão quase cósmica. Já em Take Me Back, com suas melodias pegajosas, são os instrumentos pouco convencionais que chamam a atenção, destacando a produção de Batmanglij. Mesmo velhas conhecidas, como a agridoce Relationships, parecem crescer dentro do trabalho.

Esses momentos de maior acerto revelam não apenas a maturidade do Haim em estúdio, mas a capacidade do trio em transitar por diferentes temas e sonoridades com naturalidade. No entanto, até alcançar músicas como Lucky Star ou Take Me Back, o ouvinte é conduzido por passagens menos envolventes, como em The Farm e Love You Right, que pouco acrescentam ao repertório do disco e tendem ao imediato esquecimento. Uma obra que brilha em suas pequenas faíscas, mas que custa a manter o fogo aceso por tempo suficiente.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.