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Crítica

Hotline TNT

: "Raspberry Moon"

Ano: 2025

Selo: Third Man Records

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Feeble Little Horse e Wednesday

Ouça: Julia's War, Candle e Letter To Heaven

7.8
7.8

Hotline TNT: “Raspberry Moon”

Ano: 2025

Selo: Third Man Records

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Feeble Little Horse e Wednesday

Ouça: Julia's War, Candle e Letter To Heaven

/ Por: Cleber Facchi 22/07/2025

Raspberry Moon (2025, Third Man Records) talvez não seja tão truculento quanto o antecessor Cartwheel (2023), mas isso está longe de parecer um problema para o Hotline TNT. Dois anos após a apresentação do último trabalho de estúdio, a banda encabeçada pelo guitarrista Will Anderson retorna com uma obra que destaca o uso das melodias e conduz o som produzido pelo grupo nova-iorquino para diferentes territórios.

Uma das primeiras composições do disco a serem reveladas ao público, em maio deste ano, Candle talvez seja a canção mais representativa disso. Ainda que as guitarras carregadas de efeitos estejam presentes do início ao fim da faixa, perceba como o grupo brinca com o uso das harmonias de vozes e linhas melódicas que instantaneamente apontam para o jangle pop e o som pegajoso de veteranos como Teenage Fanclub.

A própria música de abertura do trabalho, Was I Wrong?, com suas vozes harmônicas envoltas em ruídos, funciona como um precioso indicativo daquilo que o grupo busca desenvolver ao longo do material. São estruturas sempre contrastantes, ainda que profundamente equilibradas, como em Letter To Heaven, faixa que destaca o lado mais acessível da banda sem comprometer a esperada base distorcida do Hotline TNT.

Enquanto os temas instrumentais levam o som produzido pelo grupo para outras direções, versos dotados de uma melancolia doce destacam a sensibilidade de Anderson. Em geral, são letras bastante curtas, como em The Scene, porém eficientes, revelando apenas o essencial dentro de um repertório que se sustenta em cima de relações conturbadas, momentos de hesitação, instantes de solidão e sentimentos não assumidos.

É um longo caminho até o topo / Chegamos tão perto disso / Tente esconder todas as vezes / Em que gosta mais do que admite”, canta Anderson em Julia’s War, composição que sintetiza parte dessas inseguranças. Claro que isso não interfere na entrega de faixas profundamente amargas, como Break Right, canção que trata de antigos ressentimentos, traições e mágoas mal resolvidas em um relacionamento fadado ao erro.

Ainda que transforme sutilezas em potência pop e revele novas camadas dentro da obra do Hotline TNT, Raspberry Moon está longe de parecer verdadeiramente transformador. Em vez disso, reforça e refina os elementos já presentes em Cartwheel, sem jamais romper com a essência de veteranos como My Bloody Valentine, The Replacements e outras influências confessas de Anderson e seus parceiros. É um passo seguro e até bastante consistente para os padrões do próprio grupo, mas ainda acomodado em conforto.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.