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Crítica

Jambu

: "Manauero"

Ano: 2025

Selo: DeckDisc

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Terno Rei e Maglore

Ouça: Vc se foi e é tarde, Lentamente e Eu Te Espero

7.6
7.6

Jambu: “Manauero”

Ano: 2025

Selo: DeckDisc

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Terno Rei e Maglore

Ouça: Vc se foi e é tarde, Lentamente e Eu Te Espero

/ Por: Cleber Facchi 13/05/2025

Manauero (2025, DeckDisc) é tudo que você poderia esperar de um bom segundo álbum de estúdio. Vindo em sequência ao introdutório Tudo É Mt Distante (2023), o disco segue de onde os amazonenses da Jambu pararam durante a produção do trabalho anterior, potencializando suas virtudes e composições altamente pegajosas, porém, chama a atenção pela forma como o grupo amplia criativamente os próprios horizontes.

Escolhida para o encerramento do disco, Latinoamericano talvez seja o principal exemplo disso. Enquanto os versos destacam o discurso político e rimas assumidas pelo rapper manauara Nauj Jama, perceba como o quarteto formado por Yasmin Costa, Gabriel Mar, Roberto Freire e Gustavo Pessoa transita por diferentes estilos. Um misto de pop latino, reggae e rock que faz lembrar projetos como Charlie Brown Jr. e Natiruts.

Se por um lado esse esforço em provar de diferentes possibilidades destaca o amadurecimento e o desejo da banda em não se repetir criativamente, por outro, esbarra em faixas que parecem deslocadas do resto da obra. São músicas como a contemplativa O Último Suspiro e Cerveja Gelada, com acabamento funkeado, que, mesmo bem executadas, pouco dialogam com aquilo que o grupo estabelece no decorrer do registro.

Entretanto, sempre que tropeça em uma canção menor ou musicalmente deslocada, o quarteto compensa com uma sequência de grandes faixas. São composições ancoradas em conflitos pessoais e momentos de maior vulnerabilidade emocional, mas que nunca perdem o caráter radiante. É o caso de Vc se foi e é tarde, um pop rock radiofônico que ainda combina as vozes de Costa com Mar e gruda logo na primeira audição.

E ela não é a única. Do momento em que tem início, em Incendeia, passando por músicas como Vagabundo e Pense Bem, com o grupo se aventurando pela produção eletrônica, sobram momentos em que o quarteto brilha em estúdio. Mesmo velhas conhecidas, como Eu Te Espero, Lentamente e Deixa Fluir, ganham outro significado quando observadas como parte do disco que mantém a energia e fluidez até os instantes finais.

Entre composições que destacam a pluralidade de estilos e outras que evidenciam uma entrega emocional rara, Manauero revela o domínio criativo do quarteto em estúdio. Um trabalho que consolida a identidade da Jambu sem abrir mão do risco, da experimentação, mesmo que sutil, e, principalmente, da procura por uma sonoridade particular. Canções que vão de um canto a outro, sempre inquietas, como a própria banda.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.