Ano: 2024
Selo: ANTI-
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Cloud Nothings e Titus Andronicus
Ouça: Chicago, D&T e Fugitive Summer
Ano: 2024
Selo: ANTI-
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Cloud Nothings e Titus Andronicus
Ouça: Chicago, D&T e Fugitive Summer
Mesmo perto de completar duas décadas de carreira, Brian King e David Prowse decidiram encerrar as atividades do Japandroids. Entretanto, antes de aposentar a combinação minimalista de guitarras e bateria que orientou a banda desde a segunda metade dos anos 2000, a dupla original de Vancouver, no Canadá, deu vida a mais um novo trabalho de estúdio. Trata-se de Fate & Alcohol (2024, ANTI-), álbum que, para o bem ou para o mal, concentra o que há de mais característico no tipo de som explorado pelos dois artistas.
Livre de grandes surpresas, o sucessor de Near to the Wild Heart of Life (2017) é, como tudo aquilo que a dupla tem explorado desde o início da carreira, uma combinação de guitarras e batidas aceleradas que se abrem para a sobreposição de versos hedonistas, desilusões amorosas e momentos que alternam entre a sobriedade e a embriaguez. Composições que evocam nomes como The Replacements e Hüsker Dü, porém, preservando a identidade criativa do duo que estreou em grande estilo com o intenso Post-Nothing (2009).
Não por acaso, King e Prowse fizeram de D&T uma das primeiras composições do disco a serem reveladas ao público. Enquanto camadas de guitarras e batidas aceleradas avançam de maneira incessante, versos marcados pelo lirismo autoindulgente parecem incorporados de forma a dialogar com o ouvinte. “Agora estou bebendo e pensando em você / E todos nós sabemos os problemas em que vou me meter esta noite / A menos que eu lute / Contra esses meus demônios”, cresce a turbulenta letra da canção, sempre pegajosa.
São versos fatalistas e autodestrutivos, como um acúmulo natural de tudo aquilo que os dois parceiros têm explorado desde os primeiros trabalhos de estúdio, porém, salpicados com uma dose extra de descrença, efeito direto da inevitabilidade do fim que define a atmosfera do disco. Na verdade, é quase possível prever cada novo movimento da dupla. Canções que partem de temas e narrativas há muito incorporados dentro de estúdio pela banda canadense, diminuindo completamente a sensação de impacto em torno do álbum.
Entretanto, King e Prowse nunca prometeram nada muito diferente disso. Desde a estreia com Post-Nothing ao amadurecimento explícito nas canções de Celebration Rock (2012), tudo sempre girou em torno de um mesmo território criativo. São composições marcadas pelo lirismo descompromissado e atmosfera festeira, conceito que se reflete em algumas das principais músicas do trabalho. Difícil passar por Chicago, Fugitive Summer ou demais faixas e não sucumbir às guitarras e versos totalmente hipnóticos da banda canadense.
Mais do que isso, Fate & Alcohol é um registro que vai direto ao ponto. Salve exceções, como Positively 34th Street, tudo gira em torno de canções que se resolvem em um curto intervalo de tempo. São faixas de dois a três minutos que se encerram antes que o trabalho pareça pesar sobre o ouvinte. A própria composição de encerramento, All Bets Are Off, mesmo contida em seus momentos iniciais, mantém a fluidez dos elementos até o último segundo, proposta que pontua com capricho e eficiência a curta discografia do Japandroids.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.