Image
Crítica

Joaquim

: "Varanda Dos Palpites"

Ano: 2025

Selo: Coala Records

Gênero: MPB

Para quem gosta de: Rubel e Tim Bernardes

Ouça: Emboscada e Chumbo Trocado

7.6
7.6

Joaquim: “Varanda Dos Palpites”

Ano: 2025

Selo: Coala Records

Gênero: MPB

Para quem gosta de: Rubel e Tim Bernardes

Ouça: Emboscada e Chumbo Trocado

/ Por: Cleber Facchi 26/06/2025

O vocal ora cantado, ora declamado, pianos em primeiro plano e a dramaticidade escancarada nos versos de Emboscada dizem muito sobre aquilo que Joaquim busca desenvolver nas composições do introdutório Varanda Dos Palpites (2025, Coala Records). Entregue aos próprios sentimentos e desilusões, o compositor paulistano desfila em uma sequência de dez canções que destacam a completa vulnerabilidade do artista.

Embora consumido pelas emoções, o trabalho produzido pelo próprio artista em colaboração com Marcus Preto encanta pelo equilíbrio. São faixas talhadas pela visceralidade dos versos, por vezes monotemáticas, como se orbitassem um mesmo universo sentimental, porém entrecortadas por momentos de maior leveza. A própria canção-título, com seus sopros e baixo grooveado, funciona como uma boa representação disso.

Entretanto, é quando se entrega ao completo drama que Joaquim garante ao público algumas das melhores composições do disco. Em Plenamente Acordado, por exemplo, perceba como a instrumentação encolhe e cresce de forma a acompanhar a potência das vozes que parecem saídas de algum álbum obscuro da MPB dos anos 1970. O mesmo acontece na intensa Chumbo Trocado, com seus respiros e pequenas explosões.

Por falar em Chumbo Trocado, é nela que percebemos a consonância entre Joaquim e os companheiros de banda, Biel Basile (bateria), Fábio Sá (baixo)e Filipe Coimbra (guitarra). Enquanto os característicos pianos do músico paulistano apontam a direção, camadas de guitarras se levantam ruidosas, transpassadas pelo baixo denso e uma bateria que, mesmo discreta na maior parte do tempo, tem seus momentos de destaque.

E eles não são os únicos a contribuir no decorrer do trabalho. Em Me Conta, releitura de Somethin’ Stupid, sucesso na voz de Frank e Nancy Sinatra, Joaquim une forças com Luiza Villa em uma composição talvez deslocada em relação ao restante do material, porém tão delicada que é difícil não se deixar atrair. Quem também dá as caras é o carioca Rubel, em Falta, música que mais parece uma colaboração cordial entre artistas que integraram o mesmo selo do que uma peça que iguale a força explícita no restante do álbum.

Completo pela releitura de Fogueira, de Angela Ro Ro, uma das influências mais evidentes do compositor durante toda a execução do registro, Varanda Dos Palpites é tanto um trabalho repleto de acenos para a música brasileira de diferentes épocas, como uma manifestação da identidade criativa de Joaquim. Um delicado exercício de apresentação que oscila entre o intimismo sincero e as referências que o cercam.

Ouça também:

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.