Ano: 2025
Selo: XL Recordinhs
Gênero: R&B
Para quem gosta de: Yaya Bey e Liv.e
Ouça: Take It, K.I.S.S. e Think About It
Ano: 2025
Selo: XL Recordinhs
Gênero: R&B
Para quem gosta de: Yaya Bey e Liv.e
Ouça: Take It, K.I.S.S. e Think About It
Segundo o físico britânico Robert Hooke (1635 – 1703), criador da Lei de Hooke, quanto mais você puxa ou comprime um material elástico, mais ele precisa de força para voltar ao tamanho original. Partindo dessa abordagem como metáfora para as próprias experiências de depressão e permanente tensão emocional, KeiyaA abre passagem para o segundo álbum de estúdio da carreira, Hooke’s Law (2025, XL Recordings).
Sequência ao material entregue em Forever, Ya Girl (2020), o registro de 19 faixas reforça o lado emocional da artista de Chicago, porém subverte o reducionismo do registro que o antecede por uma obra marcada pelo forte aspecto exploratório. São canções que partem do R&B para incorporar elementos de jazz, música ambiente e eletrônica de forma a escancarar a completa versatilidade da multi-instrumentista em estúdio.
Sexta faixa do disco, Think About It/What U Think? sintetiza isso de forma bastante eficiente. Do uso da voz marcada pelo autotune, passando pelas ambientações jazzísticas, samples, rimas e batidas que conduzem o ouvinte em direção às pistas, perceba como KaiyaA não apenas se desafia criativamente, como dialoga de maneira primorosa e totalmente autoral com a musicalidade de veteranos como MF DOOM e Erykah Badu.
É como se cada nova composição levasse o ouvinte para um território diferente, proposta que vai do R&B atmosférico de Stupid Prizes à fluidez jazzística de Take It, música que parece saída de um disco de Flying Lotus. O mais interessante talvez seja perceber como todas essas canções se resolvem em um intervalo de poucos minutos, destacando o poder de concisão e riqueza de detalhes que caracteriza a obra de KaiyaA.
Dessa forma, mesmo que tenda aos excessos, postura reforçada pelo número exagerado de faixas, Hooke’s Law em nenhum momento parece pesar sobre o ouvinte. São canções como Lateeee e Thirsty que repetem temas e estruturas originalmente testadas na primeira metade do trabalho, porém, mantém firme o esmero, entrega e refinamento técnico que caracteriza a produção de KaiyaA desde a estreia com Forever, Ya Girl.
A própria escolha de Until We Meet Again como faixa de encerramento torna esse domínio de KaiyaA em relação ao disco ainda mais evidente. Além de pontuar a jornada emocional percorrida pela musicista ao longo da obra, a canção que passeia por diferentes estilos sintetiza o material de forma bastante sensível, reafirmando a força criativa, fluidez e capacidade da artista em transformar vulnerabilidade em potência.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.