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Crítica

Knocked Loose

: "You Won't Go Before You're Supposed To"

Ano: 2024

Selo: Pure Noise

Gênero: Metalcore

Para quem gosta de: Power Trip e Chat Pile

Ouça: Suffocate e Blinding Faith

8.3
8.3

Knocked Loose: “You Won’t Go Before You’re Supposed To”

Ano: 2024

Selo: Pure Noise

Gênero: Metalcore

Para quem gosta de: Power Trip e Chat Pile

Ouça: Suffocate e Blinding Faith

/ Por: Cleber Facchi 03/06/2024

O grito atormentado do vocalista Bryan Garris logo nos segundos iniciais de Thirst, música de abertura em You Won’t Go Before You’re Supposed To (2024, Pure Noise), ajuda a entender a crueza que move o terceiro e mais recente trabalho de estúdio do Knocked Loose. Em um intervalo de menos 30 minutos, a banda de Oldham County, Kentucky, enfileira composições que partem de conflitos pessoais, porém, a todo momento se aprofundam em temas religiosos, políticos e sociais que ampliam significativamente os limites do álbum.

Eu tentei lutar contra isso / Mas não consigo me esconder da verdade“, revela Garris logo na composição seguinte, Piece By Piece, reforçando a angústia que invade a construção dos versos. É como um ensaio para o que se revela de forma ainda mais interessante na posterior Suffocate, inusitada parceria com a cantora Poppy e um campo aberto à bateria de Kevin Kaine, sempre marcada pela inserção de tempos estranhos e mudanças de estrutura que acabam tensionando criativamente os demais integrantes do Knocked Loose.

Exemplo disso fica ainda mais evidente com a chegada de Don’t Reach For Me. Enquanto os versos revelam a fúria poética de Garris (“Nenhuma mentira pode se espalhar com a língua removida / Eu vou arrancar a sua língua“), a bateria metralhada de Kaine joga os guitarristas Isaac Hale e Nicko Calderon de um canto a outro, sempre acompanhados pela densa linha de baixo de Kevin Otten. Mesmo a curtinha Moss Covers All, revelada em sequência, força os membros da banda a se desafiarem em um intervalo de poucos segundos.

Em You Won’t Go Before You’re Supposed To há espaço para tudo, menos para o sossego. Não por acaso, após o breve respiro em Take Me Home, o grupo ressurge ainda mais violento, jogando com a sobreposição das vozes, ruídos e blocos de guitarras que despencam sobre o ouvinte. É como um insano cruzamento de informações, conceito talvez reduzido com a chegada de Slaughterhouse 2, faixa que segue uma proposta menos inventiva, porém, cresce nas vozes guturais de Chris Motionless, vocalista do Motionless in White.

Essa mesma linearidade no processo de criação acaba se refletindo na canção seguinte, The Calm That Keeps You Awake, música que destaca a fúria da banda, porém, livre da imprevisibilidade que marca os minutos iniciais do disco. Nada que Blinding Faith não dê conta de perverter. Da letra provocativa que trata sobre as hipocrisias do domínio religioso, passando pela fragmentação dos arranjos e estruturas rítmicas, cada mínimo elemento da composição destaca a capacidade do Knocked Loose em jogar com os instantes.

Passado esse momento de turbulência, Sit & Mourn não apenas encaminha o trabalho para o fechamento, como destaca o meticuloso processo de criação e capacidade do grupo em lidar com a entrega de músicas atmosféricas, destacando a produção de Drew Fulk. É como uma ruptura considerável em comparação ao restante do material, vide o uso de paisagens instrumentais ao maior tempo de execução da faixa, mas que destaca a capacidade do Knocked Loose em surpreender pela contínua imprevisibilidade de suas criações.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.