Ano: 2025
Selo: Matador
Gênero: Indie Rock
Para quem gosta de: Horsegirl e Feeble Little Horse
Ouça: Under Your Reach e How to Say Deisar
Ano: 2025
Selo: Matador
Gênero: Indie Rock
Para quem gosta de: Horsegirl e Feeble Little Horse
Ouça: Under Your Reach e How to Say Deisar
A escolha do barulhento Randy Randall (No Age) como produtor de Ripped And Torn (2025, Matador) diz muito sobre aquilo que Asher Case, Isaac Lowenstein e Kai Slater buscam desenvolver no primeiro álbum do Lifeguard. Ruidoso, urgente e repleto de acenos para o rock dos anos 2000, o disco de doze faixas não apenas confessa algumas de suas principais inspirações, como evidencia a potência do grupo de Chicago.
Sem tempo para descanso, o trabalho engata cada nova composição na outra, mantendo o ritmo frenético até os minutos finais. São guitarras altamente ruidosas que esbarram em versos marcados pela sensação crescente de esgotamento emocional e existencial. “Vai piorar até você não aguentar mais”, cresce a letra de It Will Get Worse, canção que sintetiza parte das angústias que parecem consumir o trabalho da banda.
É como um acúmulo natural de tudo aquilo que o Lifeguard havia testado nos EPs Crowd Can Talk (2022) e Dressed In Trenches (2023), porém, partindo de um direcionamento criativo ainda mais expositivo, torto e musicalmente imprevisível. Exemplo disso fica bastante evidente no uso das guitarras e andamento inexato da bateria em Like You’ll Lose, canção que aponta para o experimentalismo de veteranos como This Heat.
Mesmo quando a banda tenta parecer acessível, há sempre um elemento de ruptura. Em How to Say Deisar, por exemplo, enquanto a linha de baixo suculenta e batidas dançantes conduzem o ouvinte em direção às pistas, soando como uma canção perdida do The Rapture, guitarras consumidas pelos ruídos levam a faixa para outras direções. Em Ripped and Torn é possível esperar qualquer coisa do Lifeguard, menos o óbvio.
Claro que, nesse esforço em testar os próprios limites, algumas das canções, como Charlie’s Vox e Music for 3 Drums, surgem mais como esboços daquilo que o trio vinha testando em estúdio do que faixas completas. Entretanto, reside justamente nesses processos, que acabam levando o ouvinte a músicas como Under Your Reach, A Tightwire e Ripped + Torn, a real beleza do material. É como se tudo fosse feito ali, na nossa frente.
E não poderia ser diferente. Com o sugestivo título de “rasgado e despedaçado”, a estreia do trio de Chicago é muito mais sobre as possibilidades a serem alcançadas em estúdio do que necessariamente garantir uma obra finalizada. Cada faixa soa como um campo de teste em constante combustão, onde o erro e o risco são não só permitidos, como fundamentais para a construção de uma identidade criativa própria do Lifeguard.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.