Ano: 2025
Selo: Balaclava Records / Geração Perdida
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Jair Naves e gorduratrans
Ouça: Redenção (Três Gatos e um Cachorro) e Vermelho
Ano: 2025
Selo: Balaclava Records / Geração Perdida
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Jair Naves e gorduratrans
Ouça: Redenção (Três Gatos e um Cachorro) e Vermelho
Se em Um Tijolo Com Seu Nome (2023) a Lupe de Lupe metralhava o ouvinte com uma sequência de faixas curtas, com Amor (2025, Balaclava Records / Geração Perdida), o grupo formado por Vitor Brauer, Renan Benini, Gustavo Scholz e Jonathan Tadeu segue o caminho oposto. São apenas quatro canções, porém todas extensas, com mais de nove minutos cada, e tematicamente centradas no sentimento que dá nome ao disco.
Inaugurado pela avassaladora Vermelho (Seus Olhos Brilhando Violentamente Sob os Meus), o trabalho diz a que veio logo nos momentos iniciais. São pouco mais de dez minutos em que Tadeu, autor e vocalista da composição, discorre sobre o fim de um relacionamento intenso e repleto de memórias afetivas. São versos sempre expositivos, quase documentais, que culminam na constatação melancólica de que, com o tempo, o esquecimento será inevitável. “Um dia aleatório a gente vai acordar e perceber / Que já não lembra mais um do outro”, repete em meio a coros de vozes e guitarras carregadas de efeitos, altamente ruidosas e sujas.
Uma vez ambientado ao disco, chega a vez de Brauer despejar sua verborragia em Se nosso nome fosse um Verbo (Canibalismo Como Forma de Amor), composição que, embora parta de um mesmo objeto temático, propõe uma abordagem diferente. “Todo amor é feito pra acabar”, canta o artista enquanto confronta tanto a beleza quanto a falência do amor em um exercício catártico que se encerra em meio a uivos animalescos.
Menos impactante e arrastada em seus minutos iniciais, Uma Bruta Realidade (O Nosso Jatobá), de Scholz, custa a engrenar, porém quando engata a bateria, destaca a potência do quarteto em estúdio. São dois atos completamente distintos de uma mesma criação que trata sobre cumplicidade e desgaste. Um meticuloso e angustiante exercício de exposição emocional que ainda abre passagem para o que talvez seja a principal faixa do disco, Redenção (Três Gatos e um Cachorro), música que tem versos e vozes assumidos por Benini.
Conhecido pelas românticas Gaúcha e Cabo Frio, Benini refina a própria arte em uma composição agridoce sobre um amor que terminou, mas permanece vivo na memória e no afeto do eu lírico. Entre lembranças de vivências íntimas e sonhos cotidianos — como viver juntos com “três gatos e um cachorro” —, os versos expõem a dor da ausência e a promessa de um amor eterno, mesmo após a separação. É como se a letra da canção dançasse pelo tempo, estrutura que se completa pela riqueza das guitarras que invadem a música.
Embora monotemático, Amor se destaca por explorar quatro caminhos criativos distintos, cada um guiado por um membro diferente do grupo. Essa fragmentação autoral não enfraquece o trabalho, pelo contrário, reforça sua complexidade e amplitude emocional. O resultado desse processo está na entrega de uma obra que transita entre o excesso e a delicadeza, a fúria e o lamento, reforçando a entrega de cada membro. Um álbum de canções longas, por vezes exaustivo, mas que acerta justamente por não economizar sentimento.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.