Ano: 2025
Selo: 7K! / Pop.soil
Gênero: Experimental
Para quem gosta de: Holly Herndon e Julianna Barwick
Ouça: Oracle, Ending e Unchosen
Ano: 2025
Selo: 7K! / Pop.soil
Gênero: Experimental
Para quem gosta de: Holly Herndon e Julianna Barwick
Ouça: Oracle, Ending e Unchosen
A voz continua sendo a principal ferramenta de trabalho de Lyra Pramuk. Cinco anos após o lançamento do primeiro álbum de estúdio da carreira, Fountain (2020), a musicista, que começou cantando em corais religiosos, estudou ópera e migrou para a cena eletrônica de Berlim, na Alemanha, continua a se desafiar criativamente com a chegada de Hymnal (2025, 7K! / Pop.soil), segundo e mais recente registro de inéditas.
Próximo e, ao mesmo tempo, distante de tudo aquilo que Pramuk havia testado há meia década, o trabalho continua a posicionar as vozes em primeiro plano, porém encanta pela maneira como a norte-americana estreita laços com a produção eletrônica e o uso de manipulações da própria voz. Um engenhoso jogo de sílabas pouco discerníveis que, aos poucos, se convertem em faixas marcadas pelo acabamento grandioso.
Síntese criativa do disco, Unchosen, posicionada logo nos momentos iniciais da obra, funciona como uma boa representação desse resultado. São pouco mais de quatro minutos em que a compositora dissolve a própria voz em camadas de sintetizadores, efeitos e orquestrações fragmentadas que acabam revelando um dos principais elementos incorporados pela musicista para a elaboração do trabalho: a dramaticidade.
Com exceção de músicas mais minimalistas e serenas, como Incense e Swallow, Hymnal chama a atenção do ouvinte pela forma como Pramuk se articula a partir de composições grandiosas, sempre trabalhadas em uma estrutura progressiva. É o caso de Oracle, música que não apenas surpreende pela inserção das cordas, como pela fluidez e potência das vozes manipuladas que evocam Thom Yorke em Kid A (2000).
A própria Rewild, na abertura do disco, antecipa uma série de elementos que serão melhor trabalhados ao longo da obra. São criações que se projetam de maneira grandiosa logo nos minutos iniciais, mas parecem crescer para além dos limites antes impostos em Fountain. Claro que esse caráter estrutural e a ausência de uma clareza poética tendem ao uso de repetições estilísticas sutis que acabam comprometendo o disco.
Sobrevive justamente nos momentos em que se distancia desse conceito criativo a passagem para algumas das melhores composições do trabalho. Meridian, por exemplo, rompe com a abstração lírica do material e destaca o uso da palavra como forma de condução narrativa. Já em Ending, posicionada no encerramento do registro, Pramuk evidencia a capacidade de orquestrar sensações em uma combinação de elementos rítmicos, vocais e melódicos que percorrem grande parte do repertório. Um exercício que, mesmo preso às próprias armadilhas formais, reforça o domínio técnico e a inquietação estética que orienta a compositora.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.