Ano: 2025
Selo: Warp
Gênero: Eletrônica
Para quem gosta de: Clark e Atoms for Peace
Ouça: Back in the Game e Gangsters
Ano: 2025
Selo: Warp
Gênero: Eletrônica
Para quem gosta de: Clark e Atoms for Peace
Ouça: Back in the Game e Gangsters
Em meados da década passada, quando decidiu investir em uma obra marcada pelo aspecto colaborativo, Mark Pritchard encontrou em Thom Yorke um importante parceiro criativo. Vem desse primeiro encontro Beautiful People, uma das principais composições de Under The Sun (2016), obra que inaugura a fase mais recente do produtor britânico e um verdadeiro ensaio para o que encontramos em Tall Tales (2025, Warp).
Gerado a partir da troca de e-mails e conversas à distância durante o período pandêmico, o registro nasce de uma remessa de canções enviadas por Pritchard para Yorke que, não apenas assume a elaboração dos versos, como parte dos sintetizadores e efeitos aplicados dentro de cada composição. São músicas sempre imersivas, soturnas e minimalistas, como uma manifestação natural da época em que foram desenvolvidas.
Nesse sentido, Yorke deixa de dialogar com os temas psicodélicos e urgência que marca os trabalhos mais recentes do paralelo The Smile, projeto que divide com Jonny Greenwood e Tom Skinner, para regressar ao mesmo território criativo explorado no reducionista The Eraser (2006), estreia solo do líder do Radiohead. Composições que combinam a precisão das batidas eletrônicas com o uso de bases e vozes atmosféricas.
A própria escolha de Back in the Game como primeira música do trabalho a ser apresentada ao público, em fevereiro deste ano, torna isso bastante evidente. São pouco menos de cinco minutos em que Pritchard e Yorke se aventuram na elaboração de uma faixa puramente labiríntica, conceito que se reflete em outros momentos ao longo da obra, como em This Conversation Is Missing Your Voice e na etérea The White Cliffs.
O problema é que muitos desses elementos e estruturas propostas pelos dois artistas acabam se repetindo ao longo da obra, principalmente na segunda metade do trabalho. Salve canções como The Spirit, com seus versos existenciais e sintetizadores em destaque, e Gangsters, com batidas e efeitos pouco usuais, tudo gira em torno de um universo criativo marcado pela similaridade excessiva, limitando o alcance do repertório.
Talvez por isso, Pritchard e Yorke foram atrás do diretor e artista visual Jonathan Zawada, que produziu um filme a partir das faixas do trabalho, além, claro, de assinar a identidade e imagem de capa do disco. Dessa forma, mesmo que nem todas as canções consigam escapar da previsibilidade que se instaura no decorrer do material, o projeto ganha fôlego justamente nessa convergência entre som e imagem, onde as atmosferas elaboradas em estúdio encontram novo e curioso significado nas texturas visuais propostas por Zawada.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.