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Crítica

Model/Actriz

: "Pirouette"

Ano: 2025

Selo: True Panther

Gênero: Industrial Rock, Dance Punk

Para quem gosta de: Special Interest e Liars

Ouça: Cinderella, Diva e Doves

8.2
8.2

Model/Actriz: “Pirouette”

Ano: 2025

Selo: True Panther

Gênero: Industrial Rock, Dance Punk

Para quem gosta de: Special Interest e Liars

Ouça: Cinderella, Diva e Doves

/ Por: Cleber Facchi 14/05/2025

Quando o Model/Actriz começou a despejar as primeiras composições de Pirouette (2025, True Panther), ficou bastante claro que, em termos de estrutura, a direção seguida pelo quarteto de Boston seria a mesma do introdutório Dogsbody (2023). Embora livre de grandes transformações, prevalece na elaboração dos versos, cada vez mais confessionais, dolorosos e expositivos, a real beleza do som produzido pela banda.

Se há dois anos o vocalista Cole Haden nos convidava a mergulhar em uma aventura noturna pela cidade de Nova Iorque, onde a banda reside, hoje somos chamados a visitar as memórias e tormentos que habitam o interior do artista que assina cada uma das faixas do disco. São canções que partem de um insano fluxo de pensamentos, colidem lembranças, medos e traumas que se conectam diretamente ao ritmo do material.

Vem daí a escolha de Cinderella como a primeira música do álbum a ser revelada ao público, em fevereiro deste ano. Enquanto a base da composição destaca a fluidez imposta por Ruben Radlauer (bateria), Aaron Shapiro (baixo) e Jack Wetmore (guitarra), Haden, declaradamente homossexual, vai da vulnerabilidade nos braços do homem amado ao resgate de memórias da infância sem deixar de dialogar com o ouvinte.

Só saiba que limpei o caminho / Saiba que não irei embora como vim / Saiba que guardarei o espelho que você me deu”, confessa Haden em meio a guitarras e batidas rápidas que continuam a evocar nomes como Nine Inch Nails e Liars. É como um turbulento jogo de sensações, ritmos e vozes. Instantes em que o artista convida o ouvinte a dançar, porém, acaba tropeçando em memórias de um passado ainda recente e fresco.

Partindo dessa abordagem autobiográfica, Haden e seus companheiros enfileiram uma sequência de faixas tão particulares quanto íntimas do próprio ouvinte. Canções como Diva, Departures e Doves que combinam as angústias de uma vida solitária com momentos de agridoce romantismo. Surgem ainda preciosidades, como Headlights, em que volta a espirar o próprio passado e refletir sobre a descoberta do primeiro amor.

Dessa forma, Pirouette não apenas compensa a ausência de novidade em se tratando da base instrumental, como ainda eleva o trabalho do quarteto. Longe de possíveis rupturas, o Model/Actriz agora encontra força na repetição, no detalhamento das próprias cicatrizes e no controle estético do caos. Um delicado exercício criativo que transforma o sofrimento em espetáculo, a dor em catarse e as vivências de Haden em nossas.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.