Ano: 2024
Selo: Warp
Gênero: Pós-Punk, Eletrônica
Para quem gosta de: King Krule e Dean Blunt
Ouça: Empty And Silent e Fishbrain
Ano: 2024
Selo: Warp
Gênero: Pós-Punk, Eletrônica
Para quem gosta de: King Krule e Dean Blunt
Ouça: Empty And Silent e Fishbrain
Se em 2010 alguém me dissesse que os responsáveis por Carbonated e Before I Move Off viriam a produzir um disco de pós-punk mais uma década depois, dificilmente eu acreditaria. Fato é que, desde a entrega do primeiro trabalho de estúdio, Crooks & Lovers (2010), os produtores Kai Campos e Dominic Maker nunca pareceram seguir uma abordagem regular com o Mount Kimbie quando próxima de outros articuladores da cena eletrônica. Exemplo disso ficou ainda mais evidente em toda a série de obras revelados ao público posteriormente, como Cold Spring Fault Less Youth (2013) e o já destoante Love What Survives (2013).
Entretanto, desde a entrega de MK 3.5: Die Cuts | City Planning (2022), obra que mostra cada integrante atuando de forma separada, a necessidade de repensar o formato e direção criativa adotada pelo Mount Kimbie ficou ainda mais evidente. Foi como um preparativo torto para o que se concretiza agora com a chegada de The Sunset Violent (2024, Warp), registro que não apenas passa a tratar do projeto como banda, como ainda se abre para a chegada de dois novos membros: Andrea Balency-Béarn e Marc Pell.
Partindo dessa abordagem o grupo deixa as batidas eletrônicas em segundo plano e passa a destacar o uso dos instrumentos. É como se o quarteto seguisse de onde parou em Blue Train Lines, há seis anos, porém, estendendo esse mesmo direcionamento criativo para todo o restante da obra. E a comparação com a faixa assinada em parceria com King Krule não vem por acaso. Pelo menos duas das canções que integram o trabalho contam com o suporte do parceiro de longa data, caso de Boxing e a derradeira Empty And Silent.
Mesmo encaradas como pontos de destaque dentro do registro, prevalece na relação com os dois novos integrantes a passagem para algumas das melhores composições que abastecem o repertório do disco. É o caso de Fishbrain. Enquanto as vozes atmosféricas de Balency-Béarn parecem extraídas de algum disco de Tirzah, guitarras sombrias ganham forma aos poucos, sempre amparadas pelo uso calculado da bateria. São texturas e ambientações acinzentadas, conceito que se reflete em outros momentos ao longo da obra.
Em Dumb Guitar, por exemplo, todos esses elementos são mais uma vez incorporados pelo grupo, porém, utilizando de uma abordagem que valoriza a formação das bases e camadas que se escondem ao fundo da canção. A própria Shipwreck, vinda logo em sequência, é outra que partilha de um direcionamento similar. Pouco mais de quatro minutos em que a banda atravessa o pop dos anos 1980 para brincar com o uso de acréscimos sutis, destacando o uso das melodias e vozes que mais uma vez ampliam os limites do trabalho.
Pena que toda essa riqueza de ideias acaba se limitando a pontos específicos do material. Composições que soam como momentos de ebulição criativa, porém, rodeadas por faixas menos expressivas e talvez incompletas, vide Got Me e a repetitiva Yukka Tree, essa última, um verdadeiro amálgama de diferentes criações previamente reveladas pelo quarteto. É como se o grupo estivesse ainda se descobrindo em estúdio, proposta que tende a melhorar pelos próximos anos, mas já garante ao ouvinte boas surpresas.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.