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Crítica

Nia Archives

: "Silence Is Loud"

Ano: 2024

Selo: HIJINXX / Island

Gênero: Eletrônica, Drum and Bass, Jungle

Para quem gosta de: Kelela e PinkPantheress

Ouça: Crowded Roomz e Cards On The Table

7.7
7.7

Nia Archives: “Silence Is Loud”

Ano: 2024

Selo: HIJINXX / Island

Gênero: Eletrônica, Drum and Bass, Jungle

Para quem gosta de: Kelela e PinkPantheress

Ouça: Crowded Roomz e Cards On The Table

/ Por: Cleber Facchi 29/04/2024

Uma das principais responsáveis pela recente revitalização e popularização do jungle/drum and bass na cena inglesa, Nia Archives entrega ao público o aguardado primeiro trabalho de estúdio, Silence Is Loud (2024, HIJINXX / Island). Ainda que pouco acrescente quando próximo de outros exemplares do gênero, dependendo fortemente de tudo aquilo que foi consolidado ao longo da década de 1990, cada nova faixa destaca a capacidade da produtora em dialogar com o passado, porém, imprimindo a própria identidade.

Parte desse resultado vem do mair esforço da artista em investir na construção de letras que destacam a vulnerabilidade dos temas. “Ninguém a quem recorrer, eles não entendem minha tristeza / Eu me sinto tão sozinha, especialmente em salas lotadas“, canta em Crowded Roomz, música que funciona como uma clara representação de tudo aquilo que a produtora busca desenvolver ao longo da obra. São composições que contrastam a melancolia dos versos com o uso de batidas e bases que apontam diretamente para as pistas.

Outro componente bastante característico de Silence Is Loud diz respeito ao maior interesse da artista pela música pop. Ainda ancorada nos anos 1990, Archives se aventura na entrega de faixas melódicas, como uma tentativa de replicar a essência de conterrâneos como Blur e Pulp, porém, dentro das regras do drum and bass. Posicionada logo nos minutos iniciais do registro, Cards On The Table talvez seja o exemplo mais representativo disso, com a produtora mais uma vez ampliando consideravelmente os limites do trabalho.

Nada que prejudique a inserção de canções marcadas pelo uso picotado das vozes e samples, como um aceno claro para o que há de mais característico no estilo de produção que tanto inspira a artista inglesa. A própria escolha em resgatar Forbidden Feelingz, composição que dá título a um dos principais registros da produtora, funciona como uma boa representação desse resultado. Pouco menos de três minutos em que Archives vai de encontro ao mesmo território desbravado por Goldie, Shy FX e outros nomes do gênero.

Entretanto, é quando alcança um ponto de equilíbrio entre esse olhar para o passado e necessário senso de atualização que Archives garante ao público algumas das melhores composições do trabalho. É o caso de Unfinished Business, música que parte de uma base atmosférica, lembrando o repertório de Burial, cresce na forte sensibilidade explícita nos versos (“Por muito tempo, pensei que queria ser amado / Mas então percebi, só não quero que ninguém se sinta mal amado“) e ainda destaca a completa fluidez das batidas.

Dessa forma, Archives garante ao público um material que celebra e reapresenta veteranos da produção inglesa à uma nova geração, porém, mantendo os dois pés bem firmes no presente. Um fino repertório que talvez perca parte da sensação de impacto no segundo bloco de canções, quando muitos desses elementos são inteiramente absorvidos pelo ouvinte e começam a se repetir, mas que a todo momento estabelecem pequenos pontos de viradas rítmicas, líricas e emocionais que levam Silence Is Loud para outras direções.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.