Ano: 2025
Selo: Risco
Gênero: Rap, R&B
Para quem gosta de: Ogoin & Linguini e Joca
Ouça: Descansar É Pecado, Particular e Céu da Casa
Ano: 2025
Selo: Risco
Gênero: Rap, R&B
Para quem gosta de: Ogoin & Linguini e Joca
Ouça: Descansar É Pecado, Particular e Céu da Casa
Ainda que orientado pela fluidez das rimas, Último Ensaio Sobre Seus Olhos (2025, Risco) está longe de ser uma obra limitada a um gênero específico. Primeiro álbum de estúdio do rapper mineiro Obelga, o registro passeia por entre estilos e diferentes parceiros criativos enquanto destaca a força dos versos. São canções que tratam sobre relações afetivas, dores, lutas e memórias enquanto apresentam o artista de Uberlândia.
Faixa de abertura do álbum, Descansar É Pecado sintetiza parte dos temas que serão explorados ao longo da obra. Enquanto a base hipnótica vai da música disco ao funk, versos compartilhados com Ana Frango Elétrico abordam o contraste entre desejo e vulnerabilidade em meio à violência cotidiana. É como um ensaio para o que se revela de forma ainda mais interessante na composição seguinte, Indecisa e Suspeita, colaboração com VND que destaca a produção caprichada assinada em conjunto por Ryam Beatz e Pirlo.
Com a chegada de Particular, Obelga desacelera nos minutos iniciais para, logo em seguida, mergulhar em uma canção deliciosamente dançante, proposta que evoca o trabalho de artistas como Deekapz. Já em 33 Noites, com rimas compartilhadas com Joca e Tarcis, é o acabamento jazzístico, por vezes psicodélico, que orienta a composição marcada pelo peso da saudade, insônia e lembranças que insistem em permanecer.
Passado esse momento de maior vulnerabilidade, Céu da Casa deixa de lado o forte aspecto sentimental do álbum para tratar sobre ambição, sobrevivência e ascensão a partir da realidade das ruas. Completa pelas vozes da cantora Gab Ferreira e rimas de Murica, a canção ainda conta com o complemento do interlúdio Lugar ao Sol, com o rapper narrando desejos materiais e emocionais em uma base marcada pelos detalhes.
Esse mesmo capricho na elaboração das batidas, arranjos e vozes fica ainda mais evidente com a chegada de Vilão. Em um misto de canto e rima, Obelga contrasta a rotina estressante do dia a dia com o amor como um refúgio sentimental. Nada que prepare o ouvinte para o que o rapper apresenta em Num Bairro Num Canto do Mundo, canção que parte de um áudio da avó do artista para orientar a construção dos versos.
Menos inspirada, Sala de Espera volta a se apoiar na temática romântica que ecoa durante toda a execução da obra, porém chama mesmo a atenção pela abordagem minimalista e leveza dos arranjos. São inserções sutis, como um respiro que antecede a derradeira Minha Vez, música que resgata uma série de elementos testados pelo rapper ao longo do álbum, fazendo desse retrospecto um convite discreto a revisitar o disco.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.