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Crítica

Oklou

: "Choke Enough"

Ano: 2025

Selo: True Panther

Gênero: Pop

Para quem gosta de: Caroline Polachek e Smerz

Ouça: Obvious, Harvest Sky e Take Me By The Hand

8.2
8.2

Oklou: “Choke Enough”

Ano: 2025

Selo: True Panther

Gênero: Pop

Para quem gosta de: Caroline Polachek e Smerz

Ouça: Obvious, Harvest Sky e Take Me By The Hand

/ Por: Cleber Facchi 14/02/2025

Dona de um vasto repertório que se acumula desde o início da década passada, Marylou Mayniel, a Oklou, parece seguir uma trilha bastante particular com o primeiro álbum de estúdio da carreira, Choke Enough (2025, True Panther). Mesmo acompanhada de A. G. Cook (Charli XCX, Troye Sivan) e Danny L Harle (Dua Lipa, Caroline Polachek), dois dos principais responsáveis por moldar o pop ao longo dos últimos anos, a artista joga com regras próprias tanto na elaboração das batidas e bases, como na construção dos versos.

Contraponto reducionista aos excessos propostos por Charli XCX em Brat (2024), Choke Enough concede ao anfetaminado hyperpop um novo acabamento. São canções que avançam em uma medida própria de tempo, lembrando aquilo que nomes como Smerz e Astrid Sonne têm incorporado dentro da cena nórdica, porém, utilizando de um acabamento ainda mais sensível e estruturalmente contido, próprio da musicista.

Parte desse resultado vem da escolha de Oklou em ter sempre a seu lado o produtor canadense Casey MQ. Parceiro de longa data da artista francesa, o norte-americano assume a função de manter tudo dentro de um mesmo universo criativo. Dessa forma, mesmo quando Cook e Harle surgem em momentos estratégicos do trabalho, tudo parece seguir a direção atmosférica apontada pela cantora logo na introdutória Endless.

Claro que isso não impede Oklou de mergulhar na produção de canções que apontam diretamente para as pistas. É o caso de Harvest Sky. Completa pela participação da cantora estadunidense Underscores, a faixa que cheira a eurodance dos anos 2000 soa como um convite irrecusável a dançar. Outra composição que chama a atenção pela fluidez dos elementos é Take Me by the Han, música em que recebe o sueco Bladee.

Entretanto, prevalece na produção de canções assumidas integralmente por Oklou e MQ a passagem para alguns dos melhores momentos da obra. Em Obvious, por exemplo, são camadas de sintetizadores e vozes que soam como uma interpretação particular daquilo que Caroline Polachek testou em Desire, I Want To Turn Into You (2023). A própria composição de encerramento, Blade Bird, é outra que encanta pela forma como a cantora avança em direção ao pop tradicional, porém, preservando a própria identidade criativa.

Do uso calculado das vozes que ainda contam com o complemento de nomes como Cecile Believe e Zsela, passando pela inusitada inserção de metais e ambientações enevoadas, tudo gira em torno de um universo próprio da artista francesa. Ainda que muitos desses elementos custem a capturar a atenção do ouvinte em uma rápida audição, vide a execução morosa de composições como Thank You for Recording, quanto mais nos familiarizamos com o repertório apresentado pela cantora, mais nos encantamos por Choke Enough.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.