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Crítica

PinkPantheress

: "Fancy That"

Ano: 2025

Selo: Warner

Gênero: Pop, Eletrônica

Para quem gosta de: Charli XCX e Erika de Casier

Ouça: Tonight, Girl Like Me e Stateside

8.0
8.0

PinkPantheress: “Fancy That”

Ano: 2025

Selo: Warner

Gênero: Pop, Eletrônica

Para quem gosta de: Charli XCX e Erika de Casier

Ouça: Tonight, Girl Like Me e Stateside

/ Por: Cleber Facchi 27/05/2025

Se em To Hell With It (2021) PinkPantheress mergulhou de cabeça no drum and bass e na cena eletrônica da década de 1990, ao estrear oficialmente com Heaven Knows (2023), a cantora, compositora e produtora inglesa decidiu ampliar seus horizontes. Com um pé no R&B dos anos 2000, a artista fortaleceu os versos, porém tropeçou em pequenas repetições estruturais, reduziu as batidas e esqueceu de dar ritmo ao disco.

Satisfatório perceber em Fancy That (2025, Warner), mais recente mixtape da artista inglesa, uma obra que não apenas corrige os defeitos do trabalho anterior, como ainda potencializa as virtudes de PinkPantheress. Totalmente imersa no pop dos anos 2000, conceito que vai da direção estética à elaboração das batidas, o registro esbanja nostalgia sem ocultar a essência da própria cantora ou deixar de dialogar com o presente.

Exemplo disso pode ser percebido em Girl Like Me. Enquanto a base da composição incorpora elementos de Romeo, uma das grandes canções do Basement Jaxx no início dos anos 2000, versos consumidos pela ausência de certeza destacam a sensibilidade poética de PinkPantheress. “Pense em mim, você não pode pagar pela terapia / Não sobrou nada mais para sangrar, você gastou toda a sua clareza”, canta a artista.

São canções que se aprofundam em relacionamentos incertos e momentos de maior vulnerabilidade, como se fossemos convidados a folhear as páginas do próprio diário de PinkPantheress. Em Tonight, por exemplo, enquanto as batidas combinam elementos de Do You Know What I’m Seeing?, do grupo Panic! at the Disco, e convidam o ouvinte a dançar, a cantora reflete sobre o relacionamento incerto com um músico famoso.

Não se trata de algo profundamente elaborado, porém honesto. A própria duração das canções, um pouco mais extensas, rompendo com a efemeridade dos trabalhos anteriores, oferece à artista a possibilidade de explorar melhor os sentimentos e temáticas detalhadas ao longo do registro. Nada que limite a produção de composições puramente descomplicadas e radiantes, como Romeo, faixa que aproxima a cantora do k-pop.

E ela está longe de ser a única. O que não falta em Fancy That são canções altamente pegajosas, ainda que pontuadas por momentos de melancolia, como Stateside e Nice To Know You. Em meio a refrãos pegajosos, samples escolhidos com atenção e versos que equilibram leveza e vulnerabilidade, o trabalho revela uma cantora mais segura de si, disposta a experimentar sem perder o controle da própria identidade artística.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.