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Crítica

Porter Robinson

: "SMILE! : D"

Ano: 2024

Selo: Mom+Pop

Gênero: Pop Rock, Eletrônica

Para quem gosta de: A. G. Cook e Madeon

Ouça: Cheerleader e Knock Yourself Out XD

7.3
7.3

Porter Robinson: “SMILE! : D”

Ano: 2024

Selo: Mom+Pop

Gênero: Pop Rock, Eletrônica

Para quem gosta de: A. G. Cook e Madeon

Ouça: Cheerleader e Knock Yourself Out XD

/ Por: Cleber Facchi 07/08/2024

Lançado no meio da pandemia de Covid-19, Nurture (2021) foi um importante marco para Porter Robinson. Depois de um longo período de depressão e outros problemas relacionados à saúde mental que levaram o artista a se distanciar dos palcos, o produtor, cantor e compositor norte-americano estava de volta com um trabalho que não apenas o levou a refletir sobre as próprias inquietações, como elevou musicalmente suas composições. E esse processo de transformação pessoal vivido por Robinson está longe de chegar ao fim.

Com a chegada de SMILE! : D (2024, Mom+Pop), terceiro e mais recente trabalho de estúdio da carreira, o artista continua a se aprofundar nos mesmos temas iniciados no lançamento anterior, porém, substitui a atmosfera contemplativa de Nurture por um repertório deliciosamente festivo em que amplia o que havia testado dez anos antes, no introdutório Worlds (2014). São composições que apontam para a EDM dos anos 2010, mas que não se limitam a um direcionamento específico, evidenciando a versatilidade de Robinson.

Exemplo disso fica mais do que evidente na poderosíssima sequência de abertura formada pelas músicas Knock Yourself Out XD, Cheerleader e Russian Roulette. São pouco mais de doze minutos em que Robinson arremessa o ouvinte de um canto a outro, transita por diferentes estilos, como o emo e o hyperpop, porém, estabelece nos versos um precioso componente de sobriedade e equilíbrio. Instantes em que o produtor discute o peso da fama, relações e o impacto da própria saúde mental em atividades simples do dia a dia.

Eu quero beijar meu gato mais uma vez / Eu quero agradecer ao meu pai mais uma vez / Eu quero me casar com ela mais uma vez / Eu quero viver, eu não quero morrer“, canta na já citada Russian Roulette, música em que busca se afastar de pensamos suicidas e discute depressão com uma leveza poucas vezes percebidas em canções do gênero. É como um diálogo constante de Robinson com o ouvinte e, ao mesmo tempo, uma mensagem do artista para si próprio, conceito que se reflete até os minutos finais do trabalho.

Embora marcado pela forte carga emocional e temas que orbitam um universo bastante particular, SMILE! : D está longe de parecer um registro monotemático. Em Perfect Pinterest Garden, por exemplo, Robinson propõe uma provocativa reflexão sobre os relacionamentos online e ainda estabelece nas guitarras e vozes que evocam Julian Casablancas um claro flerte com a obra dos Strokes. Surgem ainda faixas como Year of the Cup, música em que usa de uma entrevista de Lil Wayne para refletir sobre os próprios erros e acertos.

Naturalmente, por se tratar de uma obra marcada pela forte particularidade dos temas, SMILE! : D esbarra em composições difíceis de serem absorvidas ou que parecem compreensíveis apenas para Robinson. São músicas como Kitsune Maison Freestyle e Mona Lisa que, embora bem executadas, parecem incapazes de replicar a mesma universalidade explícita nos momentos de maior grandeza do material, inviabilizando a entrega de um registro tão consistente e emocionalmente impactante quanto o trabalho que o antecede.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.