Ano: 2024
Selo: Sound Department
Gênero: Indie Rock
Para quem gosta de: Ludovic e Ecos Falsos
Ouça: Antideprê, Não Se Mate e Não Sei
Ano: 2024
Selo: Sound Department
Gênero: Indie Rock
Para quem gosta de: Ludovic e Ecos Falsos
Ouça: Antideprê, Não Se Mate e Não Sei
Quando se tem em mãos uma obra tão impactante quanto Tudo Que Eu Sempre Sonhei (2009), difícil não criar expectativa para o que vem a seguir. Entretanto, quem for com sede ao pote, esperando encontrar em Vida Vale a Pena? (2024, Sound Department) o mesmo Pullovers de 15 anos atrás, muito provavelmente acabará decepcionado. As desilusões e temas existenciais que há décadas abastecem a banda paulistana ainda estão lá, porém, os caminhos explorados por Luiz Venâncio e seus companheiros agora são outros.
Livre do refinamento melódico que marca as composições de Tudo Que Eu Sempre Sonhei, trabalho que foi redescoberto recentemente por conta do sucesso da própria faixa-título no TikTok, Vida Vale a Pena? é um registro que alterna entre a crueza que marca os anos iniciais da banda e o refinamento conquistado na fase adulta. São canções curtas e simples, por vezes urgentes, mas que estabelecem na construção dos versos o principal componente de criação do grupo que iniciou suas atividades no final dos anos 1990.
Não por acaso, em julho do último ano, quando a banda decidiu dar fim ao longo período de hiato iniciado com Tudo Que Eu Sempre Sonhei, Não Se Mate foi a primeira faixa do disco a ser revelada ao público. Da fluidez das batidas ao uso ruidoso das guitarras, tudo parece pensado para alavancar a letra da canção que encontra na relação com a morte, suicídio e na necessidades de seguir em frente um estímulo natural para os versos. “Por favor não se mate / Que morrer é da vida / Segue errando assim”, encoraja Venâncio.
É como se o músico transportasse para dentro de estúdio todas as inquietações acumuladas nos mais de dez anos em que esteve afastado da banda, proposta que culmina em um ato de abertura pessimista e até mesmo monotemático, desgastando a relação com a morte, porém consistente com o trabalho da Pullovers. De citações ao filme O Sétimo Selo (1957), do diretor Ingmar Bergman, em Fim, passando pelas questões levantadas com a autointitulada música de abertura, tudo gira em torno de um mesmo universo temático.
Passada essa dura sequência de abertura, como um filtro para aqueles que esperavam encontrar um novo Tudo Que Eu Sempre Sonhei, Xi leva o trabalho para outras direções. Longe de morte, Venâncio agora se aprofunda nos relacionamentos familiares, conceito também reforçado em faixas como Pai, mas que em nenhum momento oculta o fino toque de bom humor do grupo. Exemplo disso fica bastante evidente na já conhecida Antideprê, um pop rock pegajoso que trata sobre a comercialização da saúde e a banalização dos males da mente. “Tenta! / Liga agora, experimenta / Custa nove e noventa / E foi feito pra você”, canta.
Entretanto, é com a chegada de Não Sei, nona faixa do disco, que o trabalho alcança um de seus melhores momentos. Enquanto os versos revelam um compositor totalmente livre de qualquer cinismo, camadas de guitarras levam o material para diferentes direções. Um precioso exercício de libertação instrumental e poético que ainda culmina na derradeira Não Se Mate II, música que garante algumas respostas para a pergunta levantada no título da obra e, ao mesmo tempo, deixa o caminho aberto para o futuro da banda.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.