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Crítica

Saba / No I.D.

: "From the Private Collection of Saba and No I.D."

Ano: 2024

Selo: From The Private Collection

Gênero: Rap

Para quem gosta de: Chance The Rapper e Noname

Ouça: Every Painting Has a Price e Heard.rap

8.4
8.4

Saba & No I.D.: “From the Private Collection of Saba and No I.D.”

Ano: 2024

Selo: From The Private Collection

Gênero: Rap

Para quem gosta de: Chance The Rapper e Noname

Ouça: Every Painting Has a Price e Heard.rap

/ Por: Cleber Facchi 28/03/2025

Às vezes, tudo que você precisa é de um novo parceiro criativo. No caso de Saba, ele foi atrás do experiente No I.D., produtor que tem no currículo nomes de peso como Jay-Z, Kanye West e Drake, mas que encontrou no rapper de Chicago um de seus colaboradores recentes mais interessantes. E isso pode ser percebido em cada uma das canções que integram o repertório de From the Private Collection of Saba and No I.D. (2025).

Sequência ao material entregue em Few Good Things (2022), o trabalho que vem sendo planejado desde a década passada, quando os dois se conheceram por intermédio de um executivo que tentava atrair Saba para um grande selo, From the Private Collection of Saba and No I.D. concentra o que há de melhor na obra de cada colaborador. Enquanto o rapper brilha nas rimas, o produtor se reconecta com o próprio passado.

Como indicado logo na introdutória Every Painting Has a Price, No I.D. traz de volta a mesma atmosfera de canções criadas em parceria com o rapper Common, quando a relação com o neo-soul e a força das vozes negras complementavam a grandeza das rimas. São delicadas camadas instrumentais, samples e batidas meticulosas, cuidado que não se percebia na obra do produtor desde o encontro com Jay-Z em 4:44 (2017).

E Saba não fica para trás. Faixa após faixa, o rapper passeia em meio a questões sentimentais, políticas e existenciais com uma naturalidade que não se percebia desde o confessional Care For Me (2018). De fato, difícil não pensar no presente registro como uma resposta ao material entregue há sete anos. É como se o artista deixasse aquele ambiente soturno e intimista para, junto do parceiro de produção, ganhar o mundo.

Não por acaso, esse é o disco em que Saba mais estreita laços com diferentes parceiros criativos. Enquanto o rapper traz de volta velhos conhecidos, como Smino e MFnMelo, o produtor parece servir de ponte para a chegada de veteranos da indústria, caso de Raphael Saadiq e Kelly Rowland. Entretanto, é no cruzamento entre esses dois universos que algumas das melhores faixas são reveladas, como Heard.rap, colaboração com Madison McFerrin, Ogi e Jordan Ward que ainda destaca as rimas metafóricas lançadas pelo artista.

Mesmo quando a dupla tende aos excessos e acaba esticando o disco em sua segunda metade, há sempre uma canção de destaque que torna a experiência de audição fascinante. São preciosidades como How To Impress God e Big Picture que não apenas evidenciam o capricho de No I.D. na execução de cada mínimo fragmento da obra, como de Saba em revelar liricamente o que há muito parecia escondido dentro dele.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.