Image
Crítica

Sharp Pins

: "Radio DDR"

Ano: 2025

Selo: K

Gênero: Indie Rock, Power Pop

Para quem gosta de: Alvvays e This Is Lorelei

Ouça: Every Time I Hear e You Don't Live Here Anymore

8.2
8.2

Sharp Pins: “Radio DDR”

Ano: 2025

Selo: K

Gênero: Indie Rock, Power Pop

Para quem gosta de: Alvvays e This Is Lorelei

Ouça: Every Time I Hear e You Don't Live Here Anymore

/ Por: Cleber Facchi 01/04/2025

Radio DDR (2025, K) é um desses trabalhos que fazem você se perguntar: “eu já não ouvi isso antes?”. E não poderia ser diferente. Segundo e mais recente álbum de estúdio do Sharp Pins, projeto comandado por Kai Slater, um dos integrantes do Lifeguard, o registro de acabamento nostálgico é sim uma viagem em direção ao passado, mas que estabelece na força dos sentimentos a formação de uma identidade própria do artista.

Entre ecos de veteranos dos anos 1960, como The Beatles e The Kinks, e seus descendentes, vide Guided By Voices e Teenage Fanclub, Slater cria um pano de fundo altamente referencial e nostálgico que é difícil não pensar que estamos de posse de um trabalho perdido do período ou dos artistas que tanto o inspiram. São guitarras descomplicadas, harmonias de vozes elegantes e linhas melódicas deliciosamente empoeiradas.

A própria captação caseira e atmosfera do registro parece conectar o ouvinte com a música produzida há mais de cinco décadas. Entretanto, para além do acabamento estético, Radio DDR é um álbum que fascina pela sensibilidade dos versos que Slater parece ter escondido dos companheiros de banda no Lifeguard. É como um delicado e contínuo exercício de exposição emocional que seduz logo em uma primeira audição.

Meus ossos quebrariam, mas nunca meu amor / Você não mora aqui”, canta na amarga You don’t live here anymore, composição em que passeia por diferentes fases de um relacionamento a partir de fragmentos de antias memórias. A própria música de abertura, Every Time I Hear, com versos que tratam sobre a solidão do eu lírico, é uma dessas preciosidades que ambientam e ainda apontam a direção para o resto do disco.

Partindo desse direcionamento melancólico, Slater divide o trabalho entre momentos de maior delicadeza e canções essencialmente enérgicas. Do primeiro grupo, vem a reducionista Sycophant, com seus arranjos acústicos e vozes sutis que fazem lembrar de Joni Mitchell. Já no segundo agrupamento, são composições como When You Know e Is It Better que destacam a urgência e sonoridade ruidosa que orienta o material.

O resultado desse processo está na entrega de uma obra que equilibra nostalgia e vulnerabilidade em um delicado exercício criativo que parece conversar com qualquer ouvinte. São temas e arranjos simples, por vezes ancorado de maneira excessiva em referências do passado, mas que se projetam de forma genuína e cativante até os minutos finais. Um registro que tende ao saudosismo, sem necessariamente sucumbir a ele.

Ouça também:


Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.