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Crítica

Shinichi Atobe

: "Discipline"

Ano: 2024

Selo: DDS

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Skee Mask e DJ Python

Ouça: SA DUB 01, SA DUB 02 e SA DUB 04

7.8
7.8

Shinichi Atobe: “Discipline”

Ano: 2024

Selo: DDS

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Skee Mask e DJ Python

Ouça: SA DUB 01, SA DUB 02 e SA DUB 04

/ Por: Cleber Facchi 06/01/2025

Os sintetizadores ensolarados e acabamento nostálgico dado às batidas de SA DUB 1 apresenta de forma bastante expressiva parte dos elementos que serão empregados por Shinichi Atobe no mais recente disco de inéditas da carreira, Discipline (2024, DDS). São oito composições em que o produtor japonês aponta de maneira referencial para a eletrônica dos anos 1990 e combina elementos que vão do dub techno a deep house, porém, preservando a própria identidade em uma labiríntica sobreposição de estímulos sensoriais.

Segunda faixa do disco, SA DUB 2 torna isso ainda mais evidente. Enquanto batidas marcadas apontam a direção seguida pelo produtor, ruídos submersos e fragmentos de vozes ampliam os horizontes do artista. É como se cada componente fosse trabalhado em uma medida própria de tempo, o que não exclui o diálogo de Atobe com as pistas, direcionamento reforçado no andamento rítmico da canção seguinte, SA DUB 3.

Com o ouvinte ambientado ao disco, Atobe abre passagem para o que talvez seja uma das principais faixas de Discipline, SA DUB 4. São pouco mais de cinco minutos em que o produtor evidencia todo seu capricho em estúdio. Um lento desvendar de sensações que parte do uso atmosférico dos sintetizadores, cresce na inserção de efeitos metálicos e ganha ainda mais destaque nos minutos finais da composição, quando todos esses elementos se organizam de forma a culminar na música seguinte do registro, a meditativa SA DUB 5.

Claramente pensada como um ato de transição para a segunda metade do trabalho, a faixa de quase cinco minutos pode até manter o meticuloso processo de composição de Atobe, com suas incontáveis camadas de sintetizadores, porém, não vai além disso. É somente com a chegada da criação seguinte, SA DUB 6, que o registro avança novamente. Embora econômica quanto próxima das músicas que a antecedem, a canção destaca o lado mais acessível do produtor, como um convite irrecusável a se perder pelas pistas de dança.

Esse mesmo direcionamento volta a se repetir na composição seguinte, SA DUB 7. A diferença em relação à faixa que a antecede está no maior comprometimento do produtor na formação das texturas e bases que engrandecem o material. São inserções meticulosas que seguem de onde o artista parou nos dois últimos trabalhos, caso de Yes (2020) e Love Of Plastic (2022), porém, revelando uma fluidez própria de Discipline.

Composição que mais se distancia do restante da obra, SA DUB 8 foi justamente a faixa escolhida por Atobe para encerrar o disco. Na contramão dos temas dançantes que orientam o restante do trabalho, o artista se aprofunda na construção de uma música que deixa de dialogar com a produção eletrônica dos anos 1990 para mergulhar no pop empoeirado da década de 1980. Um curioso exercício de ruptura que, mais uma vez, evidencia a capacidade do japonês em fazer de cada nova canção um precioso exercício de criação.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.