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Ano: 2021

Selo: Mom + Pop

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: 100 gecs e The Go! Team

Ouça: Locust Laced e Knowing

5.5
5.5

Sleigh Bells: “Texis”

Ano: 2021

Selo: Mom + Pop

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: 100 gecs e The Go! Team

Ouça: Locust Laced e Knowing

/ Por: Cleber Facchi 29/09/2021

Alexis Krauss e Derek E. Miller precisaram apenas do primeiro álbum de estúdio como Sleigh Bells, Treats (2010), para influenciar uma geração de novos artistas. De 100 gecs a Black Dresses, não foram poucos aqueles que encontram na obra da dupla nova-iorquina uma inesgotável fonte de inspiração. Mais de uma década após o lançamento do registro que revelou faixas como Rill Rill e Infinity Guitars, a dupla norte-americana continua a provar do mesmo direcionamento estético, porém, utilizando de diferentes abordagens criativas e novas referências, conceito que se reflete nas canções de Texis (2021, Mom + Pop).

Primeiro trabalho de inéditas da banda desde o mini-álbum Kid Kruschev (2017), Texis rompe de maneira efetiva com a base ruidosa testada até o barulhento Reign of Terror (2012), segundo trabalho de estúdio do Sleigh Bells, para seguir pela trilha pop apontada em Bitter Rivals (2013). São canções que preservam a potência das batidas e guitarras colossais de Miller, porém, sempre pontuadas pelas vozes e versos cantaroláveis de Krauss. É como se um grupo de líderes de torcida fossem convidadas a cantar em um disco do Metallica, proposta que se reflete até a música de encerramento do registro, Hummingbird Bomb.

O problema é que esse é exatamente o mesmo tipo de som que a dupla havia testado no disco passado, Jessica Rabbit (2016). Da construção das batidas ao tratamento dado aos vocais, do uso das guitarras ao jogo de sintetizadores, não há nada em Texis que Krauss e Miller já não tenham explorado anteriormente. E isso fica bastante evidente na sequência formada por Rosary, Red Flag Flies e True Seekers. Pouco mais de dez minutos em que é difícil distinguir uma composição da outra, efeito direto da estrutura formulaica que se espalha em meio a doses controladas de ruídos, vozes e temas que tendem ao rock industrial.

Mesmo as letras das canções parecem pouco estimulantes e trabalhadas em uma estrutura totalmente simplificada, por vezes boba. Exemplo disso acontece logo nos primeiros minutos do álbum, em SWEET75, com seus versos que se repetem de forma exaustiva, em uma tentativa falha de entusiasmar e preparar o ouvinte para o restante da obra. “Aqui vamos nós, aqui vamos nós / Você é um legítimo rock and roll“, martela Krauss. Até quando prova de conceitos políticos, como na faixa seguinte, An Acre Lost, tudo é tratado de forma tão desinteressante, rasa, que é difícil estabelecer qualquer apego em relação ao material.

Não por acaso, sobrevive nos momentos em que a dupla mais se distancia desse resultado a passagem para algumas das melhores composições do disco. E isso fica bastante evidente na já citada música de encerramento. São pouco mais de três minutos em que Krauss e Miller partem de uma base totalmente delicada para mergulhar em um turbilhão de ruídos, vozes e batidas sobrepostas. Essa mesma costura de elementos acaba se refletindo na crescente Locust Laced. Escolhida para anunciar a chegada do trabalho, a canção vai do pop dos anos 1960 ao surf rock em uma criativa colagem de ideias e referências.

São momentos de maior acerto, mas que parecem incapazes de garantir qualquer traço de consistência ao disco. De fato, do momento em que tem início, em SWEET75, até alcançar a derradeira Hummingbird Bomb, Texis oscila entre altos e baixos de forma bastante expressiva, tornando a experiência de ouvir o registro pouco interessante. Salve músicas como Knowing, em que a dupla flerta com o R&B, e toda a sequência de músicas acima já citadas, tudo gira em torno de uma permanente reciclagem de ideias e conceitos, como se Krauss e Miller fossem incapazes de ir além do material entregue nos discos anteriores do Sleigh Bells.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.