Ano: 2025
Selo: Escho
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Tirzah e Astrid Sonne
Ouça: Feisty e You Got Time and I Got Money
Ano: 2025
Selo: Escho
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Tirzah e Astrid Sonne
Ouça: Feisty e You Got Time and I Got Money
Catharina Stoltenberg e Henriette Motzfeldt sempre tiveram um jeito muito particular de encarar a música pop. Mesmo fortemente influenciadas pela produção de veteranos dos anos 1990 e 2000, a dupla sempre trilhou um caminho particular, brincando com a desconstrução das batidas e vozes em uma linguagem tão estranha quanto fascinante. Exemplo disso fica ainda mais evidente no curioso Big City Life (2025, Escho).
Segundo e mais recente álbum de estúdio do Smerz, o sucessor de Believer (2021) segue de onde a dupla norueguesa parou há quatro anos, porém, partindo de uma abordagem ainda mais soturna e liricamente deslumbrante. Enquanto a produção minimalista vai ao encontro de nomes como Tirzah e Astrid Sonne, versos confessionais destacam uma vulnerabilidade poucas vezes antes percebida no trabalho do Smerz.
Como o próprio título da obra aponta, em português, “vida na cidade grande”, o álbum funciona como um passeio noturno por qualquer centro urbano, seus excessos e diferentes personagens. São canções que se dividem entre o canto e a rima, revelando em estilo de criação próprio do Smerz. É como um estranho fluxo de pensamento, sempre descritivo, proposta que concede ao registro uma narrativa quase cinematográfica.
Em Feisty, por exemplo, somos atraídos pela dupla para uma aventura noturna perfumada pelo cheiro de cigarros baratos, encontros em banheiros sujos e diálogos com personagens embriagados que cambaleiam em direção às pistas. Já em Roll The Dice, são versos que funcionam como uma advertência para o ouvinte. “Sinta os lugares, ande pelas ruas / E não aceite conselhos / Deixe as luzes da cidade te cercarem”, cresce a letra da canção, que ainda se completa pelo uso de batidas e teclados que pervertem o R&B dos anos 1980.
Entretanto, a real beleza de Big City Life não está nessas narrativas noturnas, mas na maneira como a dupla equilibra pequenos excessos com uma seleção de faixas marcadas pela vulnerabilidade dos versos. São composições como a delicada You Got Time and I Got Money, Dreams e A Thousand Lies que não apenas rompem com a esperada urgência das batidas, como ainda dialogam com o ouvinte por meio das emoções.
Dividido entre a dureza da cidade e a fragilidade dos sentimentos, Big City Life trilha um percurso inexato, talvez confuso quando percebemos o andamento sinuoso adotado em cada composição, porém consistente com tudo aquilo que o Smerz já havia revelado anteriormente. Ainda que parta de um direcionamento pop, o produto final surpreende justamente por rejeitar fórmulas e abraçar o risco como parte da experiência.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.