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Crítica

SML

: "How You Been"

Ano: 2025

Selo: International Anthem

Gênero: Jazz

Para quem gosta de: Tortoise e Total Blue

Ouça: Chicago Four e Taking Out The Trash

8.0
8.0

SML: “How You Been”

Ano: 2025

Selo: International Anthem

Gênero: Jazz

Para quem gosta de: Tortoise e Total Blue

Ouça: Chicago Four e Taking Out The Trash

/ Por: Cleber Facchi 16/12/2025

É somente ao final de Daves, após 17 minutos ininterruptos de pura experimentação, quando escutamos os aplausos do público, que nos damos conta: esse é um registro ao vivo. Ainda que não seja exatamente uma surpresa para quem há tempos acompanha a obra do SML, esse profundo entrosamento entre os membros da banda evidencia a completa evolução do quinteto californiano mesmo em um curto intervalo de tempo.

Assim como o disco anterior, Small Medium Large (2024), How You Been (2025, International Anthem), foi totalmente gravado ao vivo, durante seis apresentações em quatro cidades diferentes. Claro que, após as sessões, o grupo formado por Anna Butterss (baixo), Jeremiah Chiu (sintetizador), Josh Johnson (saxofone), Booker Stardrum (percussão) e Gregory Uhlmann (guitarras) se debruça em processos de edição, efeitos e manipulações, mas isso não diminui a entrega e a intensa relação construída pelo SML em cima dos palcos.

Do momento em que tem início, em Gutteral Utterance, cada nova música parece abrir passagem para a música seguinte, com o SML mergulhando em canções que vão do jazz elétrico ao krautrock, do funk aos ritmos ritualísticos do afrobeat. São estruturas espiraladas e orgânicas, como se cada integrante da banda tivesse o momento exato para fazer sua mágica ou completar o que se inicia com outro membro do grupo.

Dessa forma, o que parecia confuso no álbum anterior, com o quinteto entendendo as próprias dinâmicas em cima dos palcos, resulta agora em um trabalho completamente fluido. A própria escolha dos timbres metálicos e ambientações eletrônicas parece aproximar as canções. O resultado desse processo está na construção de um repertório marcado pela pluralidade de ideias, ainda que profundamente homogêneo.

Mesmo que o grupo atue em consonância, tratando cada composição como parte de uma obra única, não são poucas as faixas que se destacam. Em Taking Out the Trash, por exemplo, é o ritmo acelerado e a rica sobreposição dos instrumentos que chamam a atenção do ouvinte. Já na labiríntica Stepping in / The Loop, é o minimalismo e a produção adicional que ampliam os horizontes de possibilidades do SML em estúdio.

O mais interessante talvez seja perceber que, assim como no álbum anterior, tudo se resolve em um curto intervalo de tempo, com músicas que continuam a perverter os longos improvisos em trabalhos do gênero. Naturalmente, isso resulta em canções menos complexas, como Odd Evens e Plankton, servindo apenas de interlúdio para faixas maiores. Ainda assim, esses fragmentos surgem como respiros calculados, revelando a precisão do conjunto e preparando terreno para momentos em que o SML expande a própria linguagem.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.