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Crítica

Stereolab

: "Instant Holograms on Metal Film"

Ano: 2025

Selo: Duophonic UHF / Warp

Gênero: Experimental

Para quem gosta de: Broadcast e Tortoise

Ouça: Melodie Is a Wound e Electrified Teenybop!

8.0
8.0

Stereolab: “Instant Holograms on Metal Film”

Ano: 2025

Selo: Duophonic UHF / Warp

Gênero: Experimental

Para quem gosta de: Broadcast e Tortoise

Ouça: Melodie Is a Wound e Electrified Teenybop!

/ Por: Cleber Facchi 02/06/2025

Como é bom estar de volta. Quinze anos após o último trabalho de estúdio, Not Music (2010), os integrantes do Stereolab nos convidam, mais uma vez, a nos aventurar pelo fascinante território criativo que a banda anglo-francesa tem explorado desde o início da década de 1990. Um colorido catálogo de ideias, melodias e sensações que fazem de Instant Holograms on Metal Film (2025, Duophonic UHF / Warp) um doce regresso.

Naturalmente livre de grandes transformações, o trabalho composto inteiramente por Tim Gane e Laetitia Sadier traz de volta o que há de mais característico no repertório da banda. São faixas repletas de acenos para o pop francês dos anos 1960 e 1970, ecos de krautrock, funk, jazz e até doses consideráveis de música brasileira. A diferença talvez esteja no domínio criativo e maior capricho dos integrantes ao longo da obra.

Se no final dos anos 2000, quando o grupo decidiu encerrar suas atividades, havia uma nítida sensação de cansaço que pairava sobre registros como Chemical Chords (2008) e Not Music, em Instant Holograms On Metal Film essa percepção desaparece por completo. Basta uma rápida passagem por Melodie Is a Wound, com seus diferentes atos, desvios e variações rítmicas, para perceber o entusiasmo da banda em estúdio.

Mesmo as letras das canções, que oscilam entre temas políticos, como em Colour Television, e emocionais, caso de Transmuted Matter, evidenciam um aspecto provocativo que o grupo parecia ter perdido no final dos anos 1990, após o ápice criativo em Dots and Loops (1997). Nada que diminua o impacto de canções puramente instrumentais, como Electrified Teenybop, com seus sintetizadores sempre em primeiro plano.

É como se cada faixa do disco fosse tratada com extrema dedicação. Em Immortal Hands, por exemplo, são incontáveis camadas instrumentais e diferentes estilos organizados dentro de uma única composição. Já em Aerial Troubles, o grupo opta por uma abordagem mais direta e voltada ao pop, capturando a atenção do ouvinte logo nos primeiros minutos do trabalho. Diferentes variações de um mesmo universo criativo.

Ainda assim, fica bastante notável a queda de ritmo a partir de Esemplastic Creeping Eruption, causando uma momentânea sensação de desgaste, como se o grupo estendesse o trabalho para além do necessário. Nada que comprometa a experiência do ouvinte. Em Instant Holograms on Metal Film, o grupo propõe um retorno coeso e inspirado, retomando elementos centrais da trajetória do Stereolab sem parecer repetitivo ou minimamente acomodado, apenas atento ao próprio tempo e ao que ainda faz sentido ser explorado.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.