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Crítica

Sudan Archives

: "The BPM"

Ano: 2025

Selo: Stones Throw Records

Gênero: R&B

Para quem gosta de: Amaarae e Yaya Bey

Ouça: My Type, Dead e The Nature of Power

8.8
8.8

Sudan Archives: “The BPM”

Ano: 2025

Selo: Stones Throw Records

Gênero: R&B

Para quem gosta de: Amaarae e Yaya Bey

Ouça: My Type, Dead e The Nature of Power

/ Por: Cleber Facchi 24/10/2025

Em um lento e orgânico processo de transformação pessoal, Brittney Denise Parks, a Sudan Archives, foi de uma proposta experimental no introdutório Athena (2019), para um repertório cada vez mais acessível no posterior Natural Brown Prom Queen (2022). Entretanto, é com a chegada de The BPM (2025, Stones Throw Records) que a cantora, compositora e violinista norte-americana melhor organiza suas ideias em estúdio.

Descrito como um disco de “música negra, dançante e orquestral”, o trabalho concebido em parceria com Ben Dickey nasce como parte do processo de transformação vivido pela artista nos últimos anos. Depois de excursionar ao lado de Caroline Polachek, Tame Impala e André 3000, Parks decidiu investir em um álbum que destacasse a relação com as pistas de dança, porém, preservando a característica inserção das cordas.

Mais do que isso, The BPM é um exercício de libertação sentimental. Enquanto nos lançamentos anteriores a artista utilizava de personagens para representar suas emoções, como a deusa grega no álbum de estreia e a rainha do baile no registro seguinte, com o presente disco, Parks se revela por completo. Composições que tratam de temas como solidão, autossuficiência, saúde mental e abandono de forma bastante sensível.

É como se, pela primeira vez, a cantora ouvisse o próprio coração, proposta que contribui não apenas para o desenvolvimento dos versos, sempre expositivos, mas para o andamento rítmico do trabalho. O resultado desse processo está na entrega de uma obra que equilibra momentos de euforia e leveza, mas que, acima de tudo, funciona como um convite irrecusável de Parks para que o ouvinte se perca pelas pistas de dança.

A batida é o poder”, anuncia a artista na própria faixa-título do trabalho. Partindo dessa abordagem, Parks enfileira uma sequência de músicas matadoras. Algumas, como Come And Find You, Ms. Pac-Man, My Type, Yea Yea Yea e Dead, já vinham circulando nos últimos meses. Já outras, como a inédita The Nature of Power e A Computer Love, destacam a potência e o completo domínio criativo da musicista ao longo do material.

Naturalmente, assim como o registro anterior, o grande problema em The BPM acaba ficando por conta do volume excessivo de composições e um fechamento que pouco se equipara ao ato de abertura. Entretanto, mesmo nesses exageros, a musicista mantém firme o refinamento e capricho das canções que abraçam o uso de elementos sintéticos sem necessariamente corromper a organicidade da obra de Sudan Archives.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.