Ano: 2025
Selo: Transgressive
Gênero: Rock, Slowcore
Para quem gosta de: Low e Grizzly Bear
Ouça: Carnage e Something In The Air
Ano: 2025
Selo: Transgressive
Gênero: Rock, Slowcore
Para quem gosta de: Low e Grizzly Bear
Ouça: Carnage e Something In The Air
Ainda que tenha seus próprios trabalhos lançados em carreira solo, difícil não pensar no The Antlers como uma extensão natural do próprio Peter Silberman. E isso fica ainda mais evidente com a produção de Blight (2025, Transgressive), registro em que parte de observações sobre o cenário ao redor como estímulo para o repertório que foi concebido, orquestrado e gravado quase que inteiramente pelo músico nova-iorquino.
Acompanhado apenas pela bateria de Michael Lerner, Silberman se aventura na execução de um trabalho marcado em essência pela temática ambiental e a crise climática. São canções que tratam sobre o estranho senso de normalidade em meio ao caos global, incêndios e inundações cada vez mais frequentes, como se o compositor deixasse os temas sentimentais para investir em um repertório de acabamento documental.
“Mantenha suas janelas fechadas hoje … Há algo no ar hoje”, canta em Something In The Air, faixa inspirada pelos incêndios em florestas canadenses que cobriam os céus de Nova Iorque de cinzas e tornaram o ar da cidade insalubre. Essa mesma abordagem volta a se repetir em outros momentos ao longo do disco, como na sequência formada por Calamity e A Great Flood, reforçando a temática ambiental que move o trabalho.
O problema é que esse tom crítico da obra nunca é suficientemente profundo, com o compositor chegando a culpabilizar o consumidor médio, mas nunca a indústria e o setor político que atua em defesa do modelo capitalista – grande responsável pela crise climática. “Rápido, eu preciso disso / Enviado em um dia, através dos oceanos / Estou disposto a pagar”, canta o norte-americano na rasa composição que dá nome ao disco.
Entretanto, para além das questões poéticas, conceituais e temáticas que orientam o trabalho, Blight é uma obra desprovida de ritmo. Salvo exceções, como a crescente Carnage, falta ao disco os momentos de maior catarse explícitos em registros como Hospice (2009) e Burst Apart (2011). É como se Silberman utilizasse uma abordagem ainda mais atmosférica e morosa do que a explorada no antecessor Green To Gold (2021).
Claro que isso não interfere na entrega de canções que, mesmo contemplativas, encantam pelos detalhes, como a extensa Deactivate. A questão é que, para cada momento de evidente beleza e potência em estúdio, Silberman reserva uma sequência de outras faixas que se arrastam, consumindo a experiência do ouvinte. No fim, Blight soa mais como um retrato apático do colapso do que uma resposta crítica ao fim do mundo.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.