Ano: 2024
Selo: YABB / Thirty Tigers
Gênero: Indie Folk, Folk Rock
Para quem gosta de: The Shins e Okkervil River
Ouça: Joan in the Garden e All I Want Is You
Ano: 2024
Selo: YABB / Thirty Tigers
Gênero: Indie Folk, Folk Rock
Para quem gosta de: The Shins e Okkervil River
Ouça: Joan in the Garden e All I Want Is You
As It Ever Was, So It Will Be Again (2024, YABB / Thirty Tigers) tem tudo aquilo que você poderia esperar de um álbum produzido pelo The Decemberists. Narrativas épicas, arranjos cuidadosamente trabalhados, personagens mundanos e suas histórias fantásticas. Entretanto, diferente dos últimos registros da banda de Portland, onde havia uma perceptível sensação de desgaste criativo, como no antecessor I’ll Be Your Girl (2018),prevalece no repertório do presente disco a entrega de um material marcado pelo evidente frescor.
Posicionada logo nos minutos iniciais do trabalho, Oh No! funciona como uma boa representação desse resultado. Enquanto os versos alternam entre cenas descritivas de um casamento e estranhos fluxos de pensamento para detalhar o sufocamento vivido em uma situação inescapável, arranjos marcados pelos detalhes ampliam os limites do material. Longe do folk bucólico dos antigos registros, Colin Meloy e seus companheiros de banda rompem com o óbvio ao se aventurar de maneira inusitada pela música cubana.
A partir desse ponto, As It Ever Was, So It Will Be Again se transforma em um campo totalmente aberto às possibilidades. Exemplo disso fica mais do que evidente na derradeira Joan in the Garden. Com quase 20 minutos de duração, a canção inspirada em Joana D’Arc traz de volta as habituais narrativas poéticas de Meloy, porém, estabelece nas diferentes variações rítmicas um necessário elemento de transformação. É como uma intensa jornada poética e instrumental que destaca a força criativa do grupo estadunidense.
Claro que esse esforço em ampliar os próprios horizontes em nenhum momento distancia o grupo de faixas ainda íntimas dos primeiros trabalhos. Escolhida para inaugurar o registro, Burial Ground funciona como uma viagem em direção aos anos 2000, ecoando como uma canção perdida de álbuns como Castaways and Cutouts (2002) e Her Majesty the Decemberists (2003). A própria inserção das vozes de James Mercer, músico que surgiu no mesmo período com o The Shins, parece contribuir ainda mais para esse resultado.
Sobrevive justamente nesses acenos momentâneos para os primeiros registros da banda a passagem para algumas das composições mais interessantes de As It Ever Was, So It Will Be Again. Em All I Want Is You, por exemplo, arranjos reducionistas abrem passagem para a inserção de versos marcados pelo aspecto confessional. Já em William Fitzwilliam, Meloy combina referências literárias e historiográficas para refletir sobre os mais variados aspectos da sociedade inglesa e seus personagens tão imaginativos quanto reais.
Independente da direção percorrida, prevalece em As It Ever Was, So It Will Be Again o esforço de Meloy e seus parceiros em explorar o que há mais de duas décadas tem sido a principal inspiração para a obra do grupo: as emoções humanas. São criações talvez irreais e marcadas pelo forte aspecto teatral, esbarrando em conceitos originalmente testados em registros como Picaresque (2005) e The Crane Wife (2006), o que diminui a sensação de ineditismo do material, mas que nunca a beleza e capacidade de encantar o ouvinte.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.