Ano: 2025
Selo: Roadrunner
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Militarie Gun e Scowl
Ouça: Never Enough, Look Out For Me e Birds
Ano: 2025
Selo: Roadrunner
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Militarie Gun e Scowl
Ouça: Never Enough, Look Out For Me e Birds
Never Enough (2025, Roadrunner) talvez não seja o disco que os ouvintes mais conservadores de hardcore estivessem esperando, mas é justamente isso que faz dele um trabalho tão interessante. Quarto registro de inéditas do Turnstile, o sucessor de Glow On (2021) não apenas segue de onde o grupo de Baltimore parou há quatro anos, como potencializa suas virtudes, estreita relações e amplia os horizontes de possibilidades.
Atravessado pela sutil interferência de artistas vindos dos mais variados campos da música, como Hayley Williams (Paramore), Dev Hynes (Blood Orange), Shabaka Hutchings, Leland Whitty (BADBADNOTGOOD), Faye Webster e A. G. Cook, Never Enough destaca o caráter exploratório da banda. Da insatisfação expressa no título do material, o grupo parece ter encontrado o estímulo para um repertório essencialmente curioso.
Em Dreaming, por exemplo, são ensolarados arranjos de metais que complementam a crueza das guitarras. Já em Sunshower, é a flauta de Hutchings que transporta o registro para um campo quase transcendental. Nada que prepare o ouvinte para o que se revela em Look Out For Me, música que flerta com a new wave, passa pelo hardcore, mergulha de cabeça no pop e se encerra em um inusitado diálogo com a eletrônica.
Embora trilhe diferentes percursos, Never Enough, assim como o trabalho que o antecede, nunca foge ao controle do grupo que, durante a elaboração do material, contou com Brendan Yates, Franz Lyons, Daniel Fang e Pat McCrory. Da escolha dos timbres, passando pelos atmosféricos atos instrumentais que iniciam e pontuam parte expressiva das canções, tudo parece ambientado dentro de um mesmo território criativo.
Dessa forma, é possível ir rock melódico da introdutória canção-título à urgência de Birds, do passeio pelo pop em Seein’ Stars à agressividade de Dull sem que o disco deixe de fazer sentido. Mesmo a velha relação com o hardcore/punk, base para registros como os iniciais Nonstop Feeling (2015) e Time & Space (2018), em nenhum momento é abandonada pela banda que dialoga com o próprio passado em Sole e Slowdive.
Toda essa abrangência de ideias ainda se amarra pela escolha de Yates em investir na composição de um repertório liricamente cada vez mais introspectivo, romântico e existencialista. Não se trata de um grande salto quando voltamos para as canções de Glow On, também orientadas pelas mesmas temáticas, porém agora exploradas com uma sensibilidade ainda maior, fruto da maturidade adquirida nos últimos anos. É a partir dessa entrega que o Turnstile amplia seus limites e revela ao público uma obra que, mesmo diversa em forma, mantém coerência no discurso e estabelece uma conexão quase imediata com quem a escuta.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.