Ano: 2024
Selo: Fábrica Music
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Duda Beat e Rachel Reis
Ouça: Pena Que Acabou e Eu Tenho o Molho
Ano: 2024
Selo: Fábrica Music
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Duda Beat e Rachel Reis
Ouça: Pena Que Acabou e Eu Tenho o Molho
Depois de uma série de boas composições espalhadas ao longo dos últimos anos, como Mapa Astral, Vidro Fumê e Se Você Não Me Queria, Uana estreia em grande estilo com o diverso Megalomania (2024, Fábrica Music). Entretanto, contrário ao indicado no próprio título, o que se percebe no registro de onze canções é uma obra marcada pela pluralidade de estilos, diferentes propostas criativas e colaboradores, mas que em nenhum momento perde o controle ou mesmo se deixa consumir por esse vasto catálogo de informações.
E isso tem um motivo. Para a realização do trabalho, Uana contou com a produção da dupla formada pelos músicos Barro, com quem já vinha colaborando desde o início da carreira, e Guilherme Assis, que acumula outras parcerias com diferentes nomes da cena brasileira. O resultado desse processo está na construção de uma obra que leva a cantora e compositora pernambucana para outras direções, muitas delas bastante improváveis, porém, preservando a identidade criativa e sonoridade tão característica da artista do Recife.
Exemplo disso fica mais do que evidente durante toda a primeira metade do disco. São canções como Pelo Avesso e a já conhecida Pena Que Acabou que destacam o sotaque carregado e a intensa relação da artista com os ritmos locais. Composições que se entregam ao brega, fervilham arranjos ensolarados e tornam os desejos mais profundos da cantora sempre explícitos. “Me encheu de água na boca / Quando tirou a roupa / Passeou com a língua / No meu corpo a noite toda”, confessa Uana em meio a batidas e bases acalentadas.
Não se trata de algo inovador, mas cuidadosamente elaborado. Canções que utilizam de uma abordagem reducionista para destacar os sentimentos explícitos nos versos. Mesmo quando estreita laços com novos parceiros criativos, como a cantora Rachel Reis, em Esquina, e o rapper Joca, na música À Primeira Vista, Uana mantém firme a aproximação entre as faixas que se aprofundam em questões emocionais, anseios e outros tormentos que servem de passagem para um universo particular, próprio da artista pernambucana.
Entretanto, é quando alcançamos a segunda metade do disco, bem delimitado pelo interlúdio de Dust, um trecho do poema Still I Rise, de May Angelou, que a recifense realmente diz a que veio. Livre de possíveis amarras, Uana passeia pelos mais variados estilos de forma sempre hipnótica. Em Kriptonita, por exemplo, são batidas que conduzem o ouvinte em direção às pistas, soando com uma composição perdida de Jessie Ware. Já em Gulosa, são versos explícitos e o flerte com o funk paulista de MU540 que chamam a atenção.
Nada que prejudique o diálogo da artista com os ritmos locais. E isso fica bastante evidente em Eu Tenho o Molho. Com produção de WR no Beat, com quem já havia colaborado anteriormente, e completa pela rima de Mago de Tarso, a faixa nasce como uma celebração às pessoas e à cultura pernambucana. Dessa forma, Uana se permite transitar pelos mais variados campos da música, mas a todo momento regressa ao próprio ponto de origem, evidenciando o equilíbrio criativo que orienta Megalomania durante toda sua execução.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.