Ano: 2025
Selo: Seloki Records
Gênero: Indie
Para quem gosta de: Pluma e Os Fonsecas
Ouça: Mau Contato, Falando Nisso e Lokotário
Ano: 2025
Selo: Seloki Records
Gênero: Indie
Para quem gosta de: Pluma e Os Fonsecas
Ouça: Mau Contato, Falando Nisso e Lokotário
A voz parcialmente submersa, os arranjos que surgem e desaparecem a todo instante, a poesia guiada por estranhos fluxos de pensamento. Em Estreito (2025, Seloki Records), estreia em carreira solo do paulistano Valentim Frateschi, somos transportados para dentro de um universo marcado pela particularidade das temáticas, colaborações e sempre delirantes estruturas instrumentais, mas que convence sem dificuldades.
O próprio título da obra, como um espaço reduzido entre dois lugares, sintetiza de forma bastante eficiente tudo aquilo que o músico, também integrante da banda Os Fonsecas, busca desenvolver ao longo do disco. São criações semi-jazzísticas que evocam nomes como BADBADNOTGOOD e King Krule, avançam em uma medida sempre particular de tempo, mas em nenhum momento deixam de seduzir e hipnotizar o ouvinte.
Basta uma rápida passagem pela autointitulada música de abertura para que o público seja prontamente ambientado ao registro que mais oculta do que parece revelar. Do uso calculado das cordas à inserção das vozes complementares, como espasmos em um misterioso sonho delirante, tudo tende ao onírico, como um lento desvendar de informações que evidencia o esforço do compositor em entender a própria criação.
Todo esse esmero e lento avanço no processo de montagem do disco, que ainda contou com a coprodução de Yann Dardenne, faz com que os momentos de maior grandeza sejam potencializados. É o caso de Mau Contato, parceria com Sophia Chablau que parte de uma abordagem labiríntica nos minutos iniciais, mas que explode nos momentos finais, revelando os improvisos jazzísticos que, vez ou outra, abastecem a obra.
E ela está longe de ser a única. Em Lokotário, no encerramento do disco, é o som grooveado que chama a atenção do ouvinte. Já em Colado, são os sintetizadores psicodélicos e vasto catálogo de instrumentos que ampliam os horizontes do registro. Mesmo a velha conhecida Falando Nisso, colaboração com Nina Maia, que foi originalmente lançada em 2023, ganha novo significado quando observada como parte do trabalho.
Se por um lado Estreito funciona como um exercício instigante de experimentação, por outro, deixa claro a condição de obra ainda em formação. As vinhetas que atravessam o registro, muitas vezes reutilizando trechos de outras faixas, reforçam essa ideia de incompletude, como se o próprio artista testasse diferentes abordagens sem necessariamente alcançar um destino final. Um disco que fascina pelas colaborações e atmosfera, mas que encontra força na sugestão, deixando o caminho aberto para o que ainda está por vir.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.