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Crítica

Venturing

: "Ghostholding"

Ano: 2025

Selo: deadAir

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Jane Remover e Mk.gee

Ouça: Believe, Recoil e Dead Forever

7.8
7.8

Venturing: “Ghostholding”

Ano: 2025

Selo: deadAir

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Jane Remover e Mk.gee

Ouça: Believe, Recoil e Dead Forever

/ Por: Cleber Facchi 25/02/2025

Enquanto se prepara para dar vida a mais um novo álbum em carreira solo, Jane Remover decidiu investir em outro registro de inéditas do paralelo Venturing. Sequência ao material entregue no EP Arizona (2023), Ghostholding (2025, deadAir) mostra a potência criativa da artista que, mesmo após uma série de ótimas composições apresentadas no decorrer dos últimos meses, em nenhum momento parece perder o fôlego.

Próximo e, ao mesmo tempo, distante do material entregue em Census Designated (2023), último trabalho da artista em carreira solo, Ghostholding mais uma vez posiciona as guitarras em primeiro e deixa de lado a habitual atmosfera caseira dos antigos registros de Remover para reforçar a sensação de que estamos de posse da criação de uma banda. Entretanto, tudo continua sendo orquestrado inteiramente pela musicista.

Da construção dos arranjos aos versos, da produção à masterização, Remover assume a responsabilidade por cada mínimo fragmento da obra. E isso fica bastante evidente na forma como tudo se projeta de forma visceral. São letras que, mais uma vez, se aprofundam na mente e tormentos vividos pela artista, como uma extensão ainda mais brutal daquilo que a musicista havia testado nas composições de Census Designated.

E ainda assim, eles não sabem meu nome”, canta na intensa Recoil, música em que não apenas destaca a potência das guitarras e batidas, como a ferocidade dos versos em que reflete sobre o próprio processo de transição de gênero. E ela não é a única. De Dead Forever a Sick / Relapse, não são poucos os momentos em que Remover parte das próprias experiências para criar um doloroso diálogo sonoro e lírico com o ouvinte.

Mesmo quando se entrega ao amor, há sempre um fundo de melancolia em tudo aquilo que a artista revela. “Eu vi Deus em seus braços, e o levei para dormir / E não é muita fé que eu tenho, então eu jogo pra valer”, confessa em Believe, canção que contrasta o romantismo singular dos versos com uma base entristecida, soando como uma composição perdida de Mk.gee no ainda recente Two Star & The Dream Police (2024).

Tamanha carga emocional faz de Ghostholding a obra mais expositiva e honesta já produzido por Remover. Mesmo que algumas estruturas pareçam se repetir ao longo do registro, efeito da evidente similaridade na escolha dos timbres e tratamento dado aos vocais, sobrevive na formação dos versos um delicado exercício de exposição sentimental poucas vezes antes observado em qualquer outro trabalho da norte-americana.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.