Ano: 2024
Selo: Sub Pop
Gênero: Chillwave, Synthpop
Para quem gosta de: Toro Y Moi e Cut Copy
Ouça: The Hardest Part e Waking Up
Ano: 2024
Selo: Sub Pop
Gênero: Chillwave, Synthpop
Para quem gosta de: Toro Y Moi e Cut Copy
Ouça: The Hardest Part e Waking Up
No decorrer da última década, Ernest Greene pode até ter ensaiado alguns movimentos ousados com o Washed Out, como no curioso Mister Mellow (2017), entretanto, o cantor, compositor e produtor norte-americano parece incapaz de ir além do que foi consolidado no introdutório Within and Without (2011). São as mesmas reverberações litorâneas, camadas de sintetizadores e versos que se aprofundam em questões sentimentais, conceito que mais uma vez se repete em Notes From a Quiet Life (2024, Sub Pop).
Sequência ao material entregue em Purple Noon (2020), trabalho que já indicava uma sensação de estafa criativa por parte de Greene, Notes From a Quiet Life é tudo aquilo que você poderia esperar de uma obra do Washed Out. Como indicado logo na composição de abertura do disco, a atmosférica Waking Up, cada elemento é apresentado ao público em uma medida particular de tempo. Frações instrumentais e rítmicas que se entrelaçam de forma a produzir um resultado profundamente inebriante, acomodando o ouvinte.
O problema é que, uma vez instalada, essa sensação de comodidade aos poucos vira desconforto. É como se Greene fosse simplesmente incapaz de ir além do habitual conjunto de sintetizadores, batidas arrastadas e melodias empoeiradas que apresentaram o Washed Out no final dos anos 2000. Enquanto músicas como Say Goodbye parecem emular aquilo que foi apresentado em registros como Life of Leisure (2009), outras, como Got Your Back, simplificam o que o norte-americano havia ampliado no psicodélico Paracosm (2013).
Claro que isso não impossibilita o produtor de surpreender o público com algumas boas composições, como na já conhecida The Hardest Part. Mesmo utilizando da uma abordagem bastante similar aos antigos trabalhos do Washed Out, em essência inspirados pela atmosfera nostálgica da década de 1980, chama a atenção o uso de uma estrutura ainda mais acessível e melodias quase cantaroláveis, como um inusitado diálogo de Greene com a música pop, conceito que se repete em outros momentos ao longo do material.
É o caso de Wait on You, composição em que utiliza da voz sampleada e sempre carregada de efeitos para ampliar os limites da obra, flertando com o R&B. Surgem ainda criações como a curiosa A Sign, música em que leva a habitual psicodelia do Washed Out para outras direções, fazendo com que a faixa soe como uma canção perdida do Tame Impala. A própria Letting Go, escolhida para o encerramento do trabalho, é outra que chama a atenção pelo uso transcendental dos sintetizadores, rompendo com o comodismo do álbum.
Pena que esses momentos de maior ruptura criativa são totalmente passageiros e cada vez mais raros na obra do Washed Out. Assim como os discos que o antecedem, Notes From a Quiet Life está longe de parecer um trabalho decepcionante, pelo contrário, se apresenta ao público como um material bastante consistente e bem elaborado. Um curto repertório que talvez seja capaz de atrair as atenções e encantar uma nova parcela de ouvintes, mas que pouco acrescenta para quem há tempos acompanha o trabalho de Greene.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.