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Crítica

Wavezim

: "Kalor"

Ano: 2025

Selo: BicudaRec

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Idlibra e Clementaum

Ouça: Sem Compromisso, Kalor e Tormenta

8.2
8.2

Wavezim: “Kalor”

Ano: 2025

Selo: BicudaRec

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Idlibra e Clementaum

Ouça: Sem Compromisso, Kalor e Tormenta

/ Por: Cleber Facchi 16/07/2025

Como o próprio título antecipa, Kalor (2025, BicudaRec) é um disco quente. Estreia do produtor cearense Antônio Braga como Wavezim, o registro de nove faixas parte do funk para dialogar com outros estilos e diferentes desdobramentos da música eletrônica. Um exercício de acabamento plural, mas que estabelece, na intensa relação com as pistas, uma importante ferramenta de condução e amarra criativa para o artista.

Conceitualmente próximo do som explorado por Idlibra, Badsista e outros artistas que têm movimentado a cena eletrônica e partilham de uma linguagem criativa bastante similar, Kalor talvez não seja o disco mais transgressor, porém acerta pelo equilíbrio e fluidez rítmica de Wavezim. É simplesmente impossível ouvir músicas como Ready e não ser convencido a dançar. Do primeiro ao último instante, tudo conduz às pistas.

Mesmo quando se entrega aos clichês do gênero, como em Sem Compromisso, com bateria quase caricata de escola de samba, o produtor encontra sempre um elemento de ruptura que leva o trabalho para outras direções — nesse caso, o sample de É Só Glokada, Tchau Sem Compromisso. A própria Ritmo, apresentada minutos antes, é outra que chama a atenção como Wavezim sutilmente perverte o minimalismo das batidas.

É como se cada nova faixa servisse de laboratório para o produtor que combina tanto ritmos latinos e juke, em Vai DJ (Não Para), como evoca o garage de nomes como Jamie XX e Burial, na intensa Kalor, Pt. 2. Claro que nem sempre essas experimentações funcionam. É o caso da música BLMM, parceria com Mia Badgyal que, mesmo bem executada, surge de maneira totalmente deslocada em relação ao restante do trabalho.

Entretanto, para cada tropeço, Wavezim tem duas ou mais composições que compensam qualquer deslize. É o caso da avassaladora Tormenta, parceria com Clementaum em que celebra o techno de Chicago sem necessariamente deixar de dialogar com o presente. A própria colaboração com o sul-coreano DJ co.kr, na faixa-título do disco, é outra que chama a atenção pela riqueza de ideias e estilos incorporados pela dupla.

Toda essa abrangência de elementos garante ao público um registro que não apenas mantém a atenção do ouvinte em alta até os momentos finais, como cumpre com excelência a tarefa de apresentar o trabalho do produtor. Nesse sentido, Kalor é menos sobre alcançar uma identidade definitiva e mais sobre testar limites, permitindo que cada batida, mesmo a mais discreta, funcione como um ponto de partida para algo novo.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.