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Crítica

YHWH Nailgun

: "45 Pounds"

Ano: 2025

Selo: AD 93

Gênero: Rock, Experimental

Para quem gosta de: Model/Actriz e Battles

Ouça: Animal Death Already Breathing e Sickle Walk

8.3
8.3

YHWH Nailgun: “45 Pounds”

Ano: 2025

Selo: AD 93

Gênero: Rock, Experimental

Para quem gosta de: Model/Actriz e Battles

Ouça: Animal Death Already Breathing e Sickle Walk

/ Por: Cleber Facchi 31/03/2025

Estreia do grupo nova-iorquino YHWH Nailgun45 Pounds (2025, AD 93) é uma dessas obras curtas, mas que fazem um estrago danado. São pouco mais de 20 minutos em que o grupo formado por Zack Borzone (voz), Saguiv Rosenstock (guitarras), Jack Tobias (sintetizadores) e Sam Pickard (bateria) parece jogar com as possibilidades dentro de estúdio, indo de tempos estranhos à permanente fragmentação dos elementos.

E isso fica mais do que evidente logo na introdutória Penetrator, canção que posiciona a bateria inexata de Pickard em primeiro plano e aponta o caminho para o restante da obra – se é que ele realmente existe. Não por acaso, com a chegada da música seguinte, Castrato Raw (Fullback), o quarteto mais uma vez muda de direção, fazendo do som grooveado e da percussão afro-latina um dos raros momentos acessíveis da obra.

Entretanto, sempre que facilita as coisas, 45 Pounds logo trata de bagunçar tudo, direcionamento reforçado em Pain Fountain, com a bateria que parte de um ritmo quebrado para virar uma metralhadora. Nada que Animal Death Already Breathing, revelada logo em sequência, não dê conta de corromper. Dos timbres que evocam Battles ao som animalesco ao fundo da composição, tudo parece pensado para tensionar o ouvinte.

Pena que nem todas as canções que integram o disco parecem capazes de causar o mesmo impacto, como na sequência composta por Ultra Shade (Beat My Blood Dog Down) e Iron Feet. Entre ecos de Glenn Branca e Sonic Youth, o grupo até tenta forçar uma abordagem orientada ao noise rock com elementos de música industrial, mas acaba se perdendo em um espaço de abstração excessiva, deslocado do resto do material.

Com a chegada de Tear Pusher, o trabalho volta aos eixos, valorizando os espaços entre a inserção de cada instrumento e a poética atormentada do 45 Pounds. É como um preparativo para o que se revela de forma ainda mais interessante em Sickle Walk. Embora seja a composição mais curta do disco, a faixa destaca a complexa combinação de elementos que parte da bateria de Pickard para orientar o restante do registro.

Dado esse novo impulso, a posterior Blackout se projeta com verdadeiro impacto na ferocidade das vozes de Borzone e sintetizadores de Tobias. É como um intenso preparativo para o que se revela na derradeira Changer. Equilibrada, a canção traz de volta uma série de elementos testados ao longo do álbum, porém, estabelece na maior relação com a música eletrônica um indicativo sutil dos futuros trabalhos da banda.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.