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Crítica

YMA

: "Sentimental Palace"

Ano: 2025

Selo: Matraca Records / YB Music

Gênero: Art Pop

Para quem gosta de: Julia Mestre e Pelados

Ouça: 2001, Fritar Na Areia e Te Quero Fora

8.2
8.2

YMA: “Sentimental Palace”

Ano: 2025

Selo: Matraca Records / YB Music

Gênero: Art Pop

Para quem gosta de: Julia Mestre e Pelados

Ouça: 2001, Fritar Na Areia e Te Quero Fora

/ Por: Cleber Facchi 31/10/2025

Yasmin Mamedio, a YMA, é uma artista inquieta. E isso fica bastante evidente na variedade de canções que a cantora e compositora paulistana revelou ao público desde que deu vida ao primeiro trabalho de estúdio da carreira, Par de Olhos (2019). De colaborações com Jadsa, Fernando Catatau e Uiu Lopes, passando por criações autorais, como as curiosas Aquilo Que Habito, White Peacock e No Aquário, sobram momentos de profunda agitação. Mas e se todas essas inquietações, tormentos e sensações habitassem um único lugar?

A resposta para isso chega em Sentimental Palace (2025, Matraca Records / YB Music). Cenário conceitual, como um hotel onírico onde cada porta esconde um segredo, o registro de onze canções destaca o caráter exploratório da artista paulistana. É como se a musicista atravessasse as cortinas vermelhas e a profunda homogeneidade do atmosférico álbum entregue há seis anos para se perder em um campo de incertezas.

Se, por um lado, esse direcionamento garante ao público uma obra menos imediata e até irregular quando percebemos a consistência do registro anterior, por outro, somos agraciados com um trabalho que fascina pela imprevisibilidade. Instantes em que YMA confessa seus desejos mais profundos, como em Dentro De Mim, para, momentos à frente, exorcizá-los em Te Quero Fora, colaboração com Lucas Silveira, da Fresno.

Sobrevive justamente nesses momentos de maior incerteza e delirante experimentação a passagem para algumas das melhores faixas do disco. Em Lagosta, Ostra, por exemplo, é a interpretação cênica, evocando a teatralidade suja de Tom Waits, que engrandece o encontro com Jup do Bairro. Já em Fritar Na Areia, com coprodução de Fernando Rischbieter e Lauiz, o destaque fica por conta do inusitado cruzamento de ritmos.

Embora parta de uma abordagem menos usual, revelando canções difíceis de serem absorvidas, como a deslocada La Femme e Rita, curioso encontro com Sophia Chablau, YMA jamais se distancia por completo da música pop. Exemplo disso fica bastante evidente na hipnótica 2001, composição em que passeia pelos títulos de diferentes filmes, ou mesmo na atmosférica Passageira S., canção que aponta para os anos 1980.

É como se, para cada momento em que testa os próprios limites em estúdio, a cantora tivesse sempre uma contraparte acessível, direcionamento reforçado na dobradinha composta pelas derradeiras Ruído Branco e O Anjo Cometa. Dessa forma, YMA garante ao público uma obra que, mesmo equilibrada, nunca perde o caráter provocativo, orientando de maneira imprevisível a experiência do ouvinte até os momentos finais.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.