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Críticas

The Chemical Brothers

: "For That Beautiful Feeling"

Ano: 2023

Selo: Virgin EMI

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Basement Jaxx e Fatboy Slim

Ouça: Skipping Like a Stone e Goodbye

8.0
8.0

The Chemical Brothers: “For That Beautiful Feeling”

Ano: 2023

Selo: Virgin EMI

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Basement Jaxx e Fatboy Slim

Ouça: Skipping Like a Stone e Goodbye

/ Por: Cleber Facchi 26/09/2023

Gostaria muito de poder dizer que Tom Rowlands e Ed Simons vivem hoje uma de suas melhores fases no The Chemical Brothers, mas a verdade é que a dupla inglesa tem vivido esse período há pelo menos três décadas. Mais recente representação do completo domínio criativo dos dois artistas em relação ao próprio trabalho, For That Beautiful Feeling (2023, Virgin EMI) não apenas concentra o que há de melhor e mais dançante no tipo de som produzido pelo duo de Manchester, como estreita laços com novos e antigos parceiros, convida o ouvinte a se perder pelas pistas e ainda reserva ao público algumas boas surpresas.

Por aquele sentimento lindo / Por aquele sentimento lindo“, repete a cantora e compositora francesa Halo Maud logo nos minutos iniciais do registro, como um hipnótico convite a mergulhar no ambiente de emanações psicodélicas que tem sido explorado pela dupla inglesa desde o final da década de 1980. São fragmentos de vozes, sintetizadores lisérgicos e batidas que parecem pensadas para reforçar o caráter transcendental da obra. Instantes em que os dois artistas seguem de onde pararam no último trabalho de estúdio, o também excelente No Geography (2019), porém, contando com uma dose adicional de euforia.

Exemplo disso fica bastante evidente na dobradinha composta pela já conhecida No Reason e Goodbye. Enquanto a primeira reforça a fluidez das batidas e uma linha de baixo que o ocupa todas as brechas da canção, com a faixa seguinte, a dupla inglesa transporta o ouvinte para um novo território criativo. São pouco menos de seis minutos em que Rowlands e Simons parecem brincar com as possibilidades em estúdio, destacando o uso ruidoso dos sintetizadores e quebras que fazem lembrar o Aphex Twin no final da década de 1990. Um delirante exercício criativo que ainda culmina na entrega da psicodélica Fountains.

Passado esse momento de maior delírio, Magic Wand traz o registro de volta aos eixos. Enquanto vozes enevoadas concedem à faixa um caráter etéreo, uma contrastante combinação de batidas firmes vai de encontro aos anos iniciais da dupla, como uma peça perdida de obras como Exit Planet Dust (1995) e Dig Your Own Hole (1997). Esse mesmo olhar para o passado fica ainda mais evidente com a chegada de The Weight, música que evoca nomes como The Prodigy, porém, destacando a habitual linha de baixo que tem sido incorporada pelo The Chemical Brothers desde o amadurecer criativo explícito em Surrender (1999).

Com a chegada de Skipping Like A Stone, reencontro com Beck, com quem a dupla havia colaborado no álbum Born In The Echoes (2015), Rowlands e Simons abrem passagem para o lado mais acessível do disco. São incontáveis camadas de sintetizadores, efeitos e sobreposições de vozes que preparam o terreno para a inserção das batidas, reforçando o aspecto dançante do material. Toda essa riqueza de detalhes culmina ainda na releitura de The Darkness That You Fear, música originalmente apresentada em 2021, mas que reaparece agora em novo formato, potencializando a formatação das batidas e vozes sempre em destaque.

É como um preparativo para o que se revela de forma ainda mais intensa em Feels Like I’m Dreaming, faixa que parece pensada para as apresentações ao vivo da dupla, como um acumulo natural do que há de mais característico no som produzido pelo The Chemical Brothers. Por fim, Halo Maud reaparece na homônima música de encerramento do disco. Embora menos expressiva quando próxima de outras composições reveladas ao longo do registro, a canção assume a função de reconectar o ouvinte aos minutos iniciais do trabalho, resultando em uma obra cíclica, como um estímulo ao contínuo regresso por parte do público.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.