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Críticas

Calvin Harris

: "Funk Wav Bounces Vol. 1"

Ano: 2017

Selo: Columbia

Gênero: Pop, R&B, Hip-Hop

Para quem gosta de: Major Lazer e Jack Ü

Ouça: Slide e Feels

7.5
7.5

Resenha: “Funk Wav Bounces Vol. 1”, Calvin Harris

Ano: 2017

Selo: Columbia

Gênero: Pop, R&B, Hip-Hop

Para quem gosta de: Major Lazer e Jack Ü

Ouça: Slide e Feels

/ Por: Cleber Facchi 07/07/2017

Calvin Harris parece assumir uma nova identidade musical a cada álbum de estúdio. Do electroclash/synthpop de I Created Disco (2007), passando pela disco-house de Ready for the Weekend (2009), até mergulhar em diferentes variações da EDM em 18 Months (2012) e Motion (2014), nítido é o interesse do produtor escocês em se adaptar às novas exigências da indústria. Uma permanente transformação que alcança melhor resultado no quente Funk Wav Bounces Vol. 1 (2017, Columbia).

Quinto registro de inéditas de Harris, o álbum de dez faixas parece seguir a trilha do material produzido pelo artista nos últimos cinco anos. Composições marcadas pela forte interferência dos colaboradores, ambientações típicas da música pop e um cuidado na forma de conduzir o ouvinte para a pista. A principal diferença em relação aos últimos discos do artista? O profundo refinamento na composição dos arranjos e versos que crescem no interior de cada composição.

Do momento em que tem início em Slide, bem-sucedido encontro Frank Ocean e os integrantes do Migos, Harris se concentra na formação de uma base essencialmente nostálgica, referencial. Uma colisão de ideias que passa pelo soul/funk dos anos 1970, bebe do R&B na década de 1990 e incorpora a mesma quentura dos som produzido por Diplo e Skrillex no projeto Jack Ü. Um som pop, acessível e levemente dançante em cada fragmento de voz, batida ou sample.

A mesma execução atenta acaba se repetindo durante toda a construção da obra. Em Heatstroke, parceria com Young Thug, Pharrell Williams e Ariana Grande, diferentes texturas instrumentais e uma atmosfera convidativa que valoriza o que há de melhor em cada colaborador — seja o canto ou a rima. Uma perfeita sinergia que volta a se repetir em Feels, faixa mais comercial do disco e uma perfeita interação entre os convidados Katy Perry, Big Sean e já citado Williams.

Em Holiday, sexta faixa do disco, uma representação coesa de como Harris parece explorar cada colaborador como um precioso instrumento. Enquanto a base da composição cresce detalhista, lembrando o trabalho de Prince nos anos 1980, batidas cadenciadas servem de estímulo para as rimas divididas entre Snoop Dogg e o novato Takeoff (Migos). O destaque fica por conta da inserção cirúrgica do cantor John Legend, como um sample, ocupando pequenas brechas da canção.

Repleto de composições ensolaradas, feitas para grudar na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição, Funk Wav Bounces Vol. 1 confirma a boa forma de Calvin Harris. Livre de hits óbvios, o quinto álbum de estúdio do produtor escocês surpreende pela forma como Harris parece brincar com as possibilidades e melodias dentro de estúdio, costurando quase quatro décadas de referências musicais em um mesmo território criativo.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.