Ano: 2018
Selo: Paradise Of Bachelors / You’ve Changed /Jagjaguwar
Gênero: Indie, Indie Folk
Para quem gosta de: Wilco e The National
Ouça: Every Time the Feeling e Sage
Ano: 2018
Selo: Paradise Of Bachelors / You’ve Changed /Jagjaguwar
Gênero: Indie, Indie Folk
Para quem gosta de: Wilco e The National
Ouça: Every Time the Feeling e Sage
Mesmo com dois álbuns lançados — Whine of the Mystic (2014) e Thought Rock Fish Scale (2016) —, e um repertório ainda curto em mãos, difícil passear pelas canções do Nap Eyes e não perceber na poesia do cantor e compositor Nigel Chapman a construção de um personagem real. Composições pontuadas por experiências melancólicas, desilusões amorosas e, principalmente, temas existencialistas, base de grande parte do repertório assinado pelo músico canadense.
Terceiro e mais recente álbum de inéditas da banda completa por Brad Loughead (guitarra), Josh Salter (baixo) e Seamus Dalton (bateria), I’m Bad Now (2018) talvez seja o trabalho em que as angústias de Chapman se projetam com maior clareza. São conflitos pessoais, a busca por autoconhecimento, delírios intimistas e a forma como o personagem/compositor encara as relações cotidianas de forma sempre melancólica, ampliando parte da atmosfera detalhada nos últimos dois discos.
“Toda vez que o sentimento vem / Você nunca pergunta por que / Ele chega dessa maneira … Noite após noite / Dia após dia / O pensamento aumenta / E você vai persegui-lo“, canta em Every Time the Feeling, uma passagem conceitual para o ambiente dominado por inquietações e pequenos conflitos pessoais do jovem músico. Um limitado acervo de versos entregues à interpretação, como se Chapman, mesmo no próprio isolamento, fosse capaz de dialogar com o ouvinte.
Para além desse universo de temas particulares, curioso perceber o forte aspecto descritivo que toma conta do disco, com Chapman trabalhando cenas e conceitos inquietantes em uma estrutura quase narrativa, cênica. Exemplo disso está no conjunto de recortes visuais/poéticos que invadem a faixa-título do álbum, ganha ainda mais destaque nos personagens e cenas de You Like to Joke Around with Me, e segue em meio a atos isolados como Sage e Boats Apear.
Transformador na forma como Chapman convida o público a se perder em um mundo próprio, musicalmente, I’m Bad Now cresce de forma significativa. Ainda que a semelhança com o trabalho do Wilco ecoe durante toda a execução da obra — vide as guitarras à la Impossible Germany, em Sage e na canção que canção-título —, faixa após faixa, o quarteto canadense se concentra em explorar novas sonoridades. São temas quase dançantes, como em Roses e na já citada Every Time the Feeling, fragmentos em que o grupo vai de R.E.M. ao “dad rock” do Dire Straits.
Acessível, mesmo na intimidade poética de seu realizador, I’m Bad Now amplia conceitualmente tudo aquilo que a banda havia testado nos últimos discos, principalmente, Thought Rock Fish Scale. Enquanto Mixer e Stargazer foram apresentadas ao público como os dois picos criativos do registro, com o presente álbum, os integrantes do Nap Eyes vão além, fazendo de cada composição detalhada no interior da obra um objeto de merecido destaque.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.