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Críticas

Kyle Dixon / Michael Stein

: "Stranger Things 2"

Ano: 2017

Selo: Lakeshore

Gênero: Synthpop, Ambient

Para quem gosta de: John Carpenter e Disasterpeace

Ouça: Eulogy e It's a Trap

8.0
8.0

Resenha: “Stranger Things 2”, Kyle Dixon & Michael Stein

Ano: 2017

Selo: Lakeshore

Gênero: Synthpop, Ambient

Para quem gosta de: John Carpenter e Disasterpeace

Ouça: Eulogy e It's a Trap

/ Por: Cleber Facchi 01/11/2017

Em uma série que busca inspiração no que há de mais nostálgico na década de 1980, Kyle Dixon e Michael Stein, também integrantes do S U R V I V E, assumiram a tarefa de recriar um dos principais elementos do período: a trilha sonora. Inspirados na obra de John Carpenter, Tangerine Dream e demais responsáveis pelas ambientações de clássicos do terror, a dupla norte-americana resgatou sintetizadores empoeirados para fazer das composições que embalam os episódios de Stranger Things uma verdadeira viagem em direção ao passado.

Longe de se repetir, porém, preservando a própria essência, Dixon e Stein fazem do segundo capítulo da obra um experimento que dialoga de forma expressiva com as imagens do seriado produzido, criado e dirigido pela dupla The Duffer Brothers. São 34 faixas e pouco mais de 70 minutos em que os músicos parecem seguir uma estrutura delimitada conceitualmente, indo da ambientação contida dos primeiros episódios à euforia inevitável do desfecho.

Dentro desse cenário, todo o primeiro bloco da trilha sonora encanta pela completa leveza das melodias e fórmulas instrumentais detalhadas pela dupla. São composições dotadas de uma atmosfera minimalista, serena, proposta que se reflete com naturalidade nos arranjos tímidos de Home e, principalmente, Eulogy, composição tecida sem pressa, vagarosa e detalhista. Músicas que sutilmente transportam o ouvinte para o ambiente interiorano de Hawkins, Indiana, onde a série se passa.

Ao avançar pelo trabalho e, consequentemente, pela ordem natural dos episódios da série, a atmosfera serena do disco se transforma em caos. Ponto de partida para essa mudança está em I Can Save Them, música que evoca a trilha sonora do clássico Halloween – A Noite do Terror (1978), sustentando na repetição marcada dos sintetizadores uma ponte para as soturnas Descent into The Rift e Chicago, composições que bebem dos mesmos experimentos detalhados por Disasterpeace no filme A Corrente do Mal (2015).

Na segunda metade do disco, onde antes reinavam sintetizadores e melodias atmosféricas, agora explodem ruídos metálicos e ambientações densas, por vezes claustrofóbicas. São faixas como a caótica It’s a Trap, com seus sintetizadores tortos, o ritmo frenético de Escape e a estrutura crescente de Levitation. Uma propositada desconstrução de tudo aquilo que a dupla vem construindo desde a faixa de abertura do trabalho, a branda Walkin In Hawkins.

Mesmo completo pela derradeira To Be Continued, música que se apropria do tema de abertura da série, Stranger Things 2 está longe de parecer uma obra restrita apenas ao público fiel do programa. Por trás de cada composição do disco, um mundo de texturas minimalistas, nuances etéreas e sintetizadores que servem de estímulo para capturar a atenção do ouvinte, como se mesmo jogando com um conjunto de regras pré-estabelecidas, Dixon e Stein fossem além, fazendo da trilha sonora do seriado a entrada para um universo próprio.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.