20 discos que você deveria ter ouvido em 2012

/ Por: Cleber Facchi 04/06/2012

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Assim como já fizemos anteriormente, com o ano pela metade é hora de rever o que vale à pena e merece de fato ser ouvido. Pensando nisso montamos nossa seleção com 20 Discos que você deveria ter ouvido em 2012 (até agora), um resumo com alguns dos melhores e mais importantes registros musicais que foram lançados entre janeiro e junho deste ano. Sem uma ordem de preferência – isso vai ficar para nossa lista no fim de dezembro -, selecionamos 20 títulos em ordem alfabética que trazem como única característica a relevância no cenário atual. Com diferentes gêneros e propostas diferentes, a lista conta com 10 álbuns nacionais e outra dezena de registros estrangeiros, trabalhos que independente da origem acertam pela originalidade, beleza e boa produção. Se você discorda da lista ou acha que algum disco ficou de fora, os comentários estão abertos para isso. Caso ainda não conheça alguns dos álbuns citados, corra, ainda temos meio ano pela frente para você aproveitar cada um dos discos listados.

Actress
R.I.P. (2012, Honest Jon’s)

Darren Cunningham é um herdeiro sincero dos minimalismos eletrônicos que afloraram ao longo da década de 1990. Produtor responsável pelo projeto Actress, o britânico não tardou a incluir cada uma das pequenas referências que flutuam em sua mente quando lançou em 2010 o surpreendente Splazsh. Espécie de ponto de encontro de todos os ensinamentos aplicados por Aphex Twin, Boards Of Canada e principalmente Autechre, o inglês transformou o delicado registro em uma verdadeira ode aos ruídos calculados e métricas suaves que afloraram desde a expansão da famigerada IDM, gênero musical que nas mãos do artista é esculpido de forma detalhista e sempre cuidadosa.Ainda agarrado a essa mesma necessidade de se envolver com a música dentro de um ambiente delicado e tomado por acertos matemáticos, Cunningham faz do recente R.I.P. (2012, Honest Jon’s) o segundo e talvez mais importante registro de sua curta carreira. (Resenha)

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Beach House
Bloom (2012, Sub Pop)

Se com o registro lançado há dois anos o casal se apresentava cercado por um doce ar de encerramento, como se o disco fechasse um pequeno ciclo construído pelos norte-americanos, com Bloom (2012, Sub Pop) o Beach House se abre para novos rumos e expectativas. Tão ou mais influenciados pelo tom acolhedor do último álbum, o quarto registro da banda evoca sentimentos ainda mais próximos do ouvinte, que terá nas dez composições do disco um colosso de referências leves, hipnóticas e que musicalmente se desfazem nos ouvidos do espectador. Entretanto, longe de repetirem os mesmos acertos do passado, a dupla opta por experimentar, não de forma revolucionária, mas como se estivesse preparando um novo ciclo musical próprio. (Resenha)

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Céu
Caravana Sereia Bloom (2012, Universal)

Se abrindo como uma cortina, a nuvem canábica de outrora dá passagem para que Céu caia de vez na estrada, apostando em uma temática, que como ela mesma define, pode ser compreendida como um Road Album. “Há uma estrada dentro de mim/ Não sei onde ela vai dar/ Meus olhos estão fechados/ A única testemunha que tenho é o vento na minha bochecha, sussurrando: ‘livre’”, proclama a cantora nos curtos versos (em inglês) da faixa Fffree, canção que mesmo posicionada próxima do encerramento do álbum parece anunciar toda a proposta do viajante Caravana Sereia Bloom. Terceiro disco da cantora, o registro funciona como uma densa trilha sonora para as estradas do Brasil, contando histórias e ressaltando sensações de personagens típicos desse cenário. (Resenha)

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Cloud Nothings
Attack On Memory (2012, Carpark)

Quando há um ano o primeiro registro oficial da banda comandada por Dylan Baldi começou a circular pela blogosfera, havia na sonoridade proposta pelo americano e seus irregulares parceiros um teor despretensioso, intenso e raivoso – algo típico dos adolescentes. Entre letras que falavam de amor, crescer e tantos outros temas próprios da idade do jovem de Cleveland, Ohio, um cheiro forte de juventude impregnava cada canto do registro, transformando o artista em um pequeno destaque em terra de gigantes. Contra todas as expectativas que pudessem envaidecer o jovem músico mediante o destaque conquistado ao longo dos últimos meses, Baldi reaparece agora com um novo e audacioso disco, Attack On Memory. Em pouco mais de meia hora, o cantor possibilita o nascimento de um álbum que rompe (quase) totalmente com a adolescência natural do registro anterior, encaminhando o norte-americano para um novo posto, não mais como um pequeno artista iniciante, mas agora um compositor maior, capaz de conversar com os gigantes de outrora que o cercavam. (Resenha)

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Curumin
Arrocha (2012, Vinyl Land)

Luciano Nakata, o Curumin, não está nem um pouco errado quando diz que Arrocha é um disco que “tem uma pressão” dentro dele. Parcialmente oposto do que o cantor e compositor paulistano vinha desenvolvendo com os dois elogiados Achados e Perdidos (2005) e Japan Pop Show (2008), o novo álbum se expande como um mineral resistente, de brilho raro e que parece esculpido inteiramente em cima da pressão de batidas secas. Distante das formas instrumentais e do suingue que conduzia a carreira do músico até pouco tempo, o registro se aproxima de forma natural da música eletrônica, referência que há tempos circunda a discografia do artista, mas que somente agora assume as rédeas e os experimentos do recente álbum. (Resenha)

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Death Grips
The Money Story (2012, Epic)

Caos, apenas caos. Focados nessa estrutura destrutiva Stefan Burnett (vocais), Zach Hill (produção/bateria) e Andy Morin (produção) moldaram as bases para a onda de violência instrumental que caracterizou a primeira e intensa mixtape do Death Grips, Exmilitary. Espécie de produto típico da diversificada cena que tomou conta do hip-hop norte-americano no último ano – afastando os luxos e exageros do gênero para explorar uma nova vertente do Rap -, o álbum parece resultado de um passado distante do grupo quando observado paralelamente ao novo The Money Store, primeiro disco de estúdio da “banda” e álbum que arrasta o trio para um novo patamar de referências e experimentos. Com as ideias claramente melhor organizadas, a tríade californiana deixa de lado a cacofonia sonora que se apoderava de faixas como Guillotine e Takyon (Death Yon) para tratar de uma músicas mais plásticas e possivelmente comerciais. O tom denso de outrora e a atmosfera obscura – uma espécie de sensação automática para os que viam os estranhos clipes do grupo – surgem modificados, com os três componentes (e alguns parcos colaboradores) tratando de rever cada mínimo conceito do novo álbum. (Resenha)

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Felipe Cordeiro
Kitsch Pop Cult (2012, Ná Music)

Em meio a esse panorama em expansão surge Kitsch Pop Cult (2012, Ná Music), segundo registro em estúdio do cantor e compositor paraense Felipe Cordeiro, que com olhos e ouvidos próprios de um habitante local, entrega em 10 faixas sua rica compreensão da multicolorida cena em que está inserido. Assertivo até no título, o álbum parece analisar com precisão e bom humor as diversas nuances que se materializam em Belém, amarrando desde referências aos veteranos ritmos locais, como o brega, lambada e carimbó, até a modernização eletrônica e profundamente vendável do eletromelody e das aparelhagens que o constroem.Espécie de resumo apurado do que tem acontecido na música paraense, o registro – que contou com a produção de André Abujamra – deixa clara todas suas intenções logo nos minutos iniciais. (Resenha)

Gaby Amarantos
Treme (2012, Som Livre)

Assumidamente construído para balançar qualquer estrutura, Treme (2012, Som Livre) não é apenas uma simples estreia de um novo ícone do pop nacional. Mais do que isso o álbum é uma síntese de toda a produção paraense e o esforço coletivo de uma infinidade de nomes, vozes e batidas. Acompanhada pelos (eficientes) produtores Waldo Squash e Félix Robatto, além de figuras locais como Felipe Cordeiro (em Ela Tá No Ar) e Dona Onete (em Mestiça), Amarantos utiliza do trabalho como uma porta de entrada para todo o universo que foi montado por lá, utilizando de faixas marcadas pela quentura e originalidade como um mecanismo para ingressar no ambiente pop que ela própria cultiva até o encerramento do álbum com a coreografada Faz O T – música de quando ainda fazia parte do grupo TecnoShow. (Resenha)

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Grimes
Visions (2012, 4D)

Perceptivelmente estudiosa dos ensinamentos ministrados por Björk no clássico Post, de 1995, a canadense transforma toda a experimentação de sua obra em algo tátil, acessível e incrivelmente vendável. Geidi Primes, primeiro grande trabalho da cantora explicita com propriedade todos os caminhos percorridos por Boucher, que através de singles como Rosa e Shadout Mapes mergulha em um lago de sensações místicas, pescando os vocais etéreos Siouxsie Sioux, o que há de mais volátil na Witch House, além de toda uma variedade de referências que mesmo similares parecem apenas dela. Mesmo agradável e cercado por bons hits, vê-se hoje que o primeiro trabalho de Grimes nada mais era do que um estudo, uma prévia de um registro ainda maior e mais inventivo que seria posteriormente apresentado. Menos de um ano depois de tão comentada estreia – que destacou a canadense como a responsável por uma das maiores estréias da temporada -, Boucher retorna com a segunda obra de sua ainda curta carreira, Visions, um disco que não apenas dá continuidade ao que a garota desenvolveu durante todo o ano de 2011, como abre as portas para um universo mágico de novas e ricas experiências. (Resenha)

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Japandroids
Celebration Rock (2012, Polyvinyl)

Mesmo capazes de lançar um trabalho tão forte quanto Nouns (2008) da também dupla No Age ou os esquizofrênicos registros iniciais do Deerhunter, o duo canadense construiu à frente do Japandroids uma estrutura distinta, algo que o primeiro álbum da banda, Post-Nothing (2009) revela com guitarras aceleradas e batidas sufocantemente constantes. Diferente dos trabalhos lançados naquele momento, o disco de oito rápidas faixas mantinha na necessidade de soar musicalmente fácil e acessível ao grande público o grande acerto do projeto, proposta que alcança um novo resultado com a chegada do segundo e ainda intenso disco dos norte-americanos.Talvez imperceptível, há um distanciamento imenso entre o lançamento de Post-Nothing e o recente Celebration Rock (2012, Polyvinyl). Mais do que o espaço temporal de três anos, a separação entre um trabalho e outro se manifesta em uma série de elementos por toda a obra. (Resenha)

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Lotus Plaza
Spooky Action At A Distance (2012, Kranky)

Há quem talvez não tenha percebido, mas se existe alguém que pode portar o titulo de gênio dentro da atual safra do rock alternativo, este alguém é o excêntrico Bradford Cox. Seja ao lado dos parceiros do Deerhunter ou mesmo com o particular Atlas Sound, a cada novo projeto em que se envolve, Cox deixa rastros de sua impecabilidade como compositor. Foi justamente essa mesma genialidade incontida que ocultou o primeiro álbum do parceiro e guitarrista Lockett Pundt à frente do Lotus Plaza, um projeto que mesmo com todos os esforços de Pundt acabou soando como uma fraca dissidência daquilo que Bradford vinha desenvolvendo. Os últimos três anos, entretanto, tiveram novo significado para as composições individuais do músico de Atlanta, Georgia, tanto que com a chegada de Spooky Action At A Distance o artista deixa de lado o tom de aprendizado e a timidez de outrora, para desenvolver um álbum verdadeiramente próprio, rico e muito mais amplo. (Resenha)

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Lower Dens
Nootropics (2012, Ribbon Music)

Sucessor do que hoje soa como um aprimorado estudo, o álbum Twin-Hand Movement (2010), o recente disco de apenas dez composições usa de uma herança musical apurada como ferramenta de movimento para os mais de 50 minutos que o definem. Tempo que parece se extinguir assim que os acordes iniciais de Alphabet Song tomam formas. Intencionalmente denso, o trabalho transparece o resultado de uma banda que já nasceu madura. Como projeto adulto, o que encontramos no interior do álbum são ajustes, pequenas reformulações cruciais para que faixas como Lion in Winter Pt. 1, uma mera composição dotada de sobreposições sonoras, seja capaz de manter o tom hipnótico que preenche a obra. Nootropics é um disco que valeria apenas pelos mais de sete minutos ininterruptos que unem as faixas Brains e Stem. Uma verdadeira viagem sonora por mais de cinco décadas de produção musical conduzida apenas pelas guitarras de Will Adams. Um passeio surpreendente que mergulha na vanguarda do The Velvet Underground, passa pela curta discografia do Joy Division, absorve Kevin Shields até desaguar em um resultado instrumental que emociona. (Resenha)
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Lucas Santtana
O Deus Que Devasta Mas Também Cura (2012, Dignóis)

Mesmo que o nome do compositor baiano ainda pareça intimamente relacionado com uma face “alternativa” da música e do público brasileiro, desde o lançamento do quase revolucionário Sem Nostalgia (2009) que Santtana tem se evidenciado como um dos personagens mais populares e ricos da nossa música. Espécie de resumo ou talvez conexão direta com os trabalhos iniciais do cantor, O Deus Que Devasta Mas Também Cura (2012, Dignóis), mais recente álbum do artista revela todo um novo conjunto de nuances musicais e líricas fabricadas por Lucas, que segue picotando melancolias e fundindo ritmos naquela que parece ser a mais forte obra do músico. Assumidamente confessional – boa parte do disco é focado em um término de relacionamento não recente do músico -, o sucessor do acústico disco de 2009 rompe com a fórmula de um trabalho temático, possibilitando que Santtana alcance justamente aquilo que faz dele um especialista: a mistura de ritmos. (Resenha)

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Perfume Genius
Put Your Back N 2 It (2012, Matador)

Mike Hadreas é um verdadeiro aprendiz. Vindo de Seattle, o jovem músico passou a última década dissecando todos os ensinamentos ministrados pelo habilidoso Sufjan Stevens e toda a gama de idealizadores da melancolia norte-americana (ou mesmo mundial), convertendo todo esse acumulado de experiências nas bases para o primeiro registro em estúdio de sua incipiente carreira, Learning, de 2010. De lá para cá, o compositor foi aos poucos abandonando a percepção de aprendiz para logo se transformar em um mentor (talvez de si próprio ou de uma pequena parcela de ouvintes), feito que ele reforça agora com a chegada do segundo e melhor desenvolvido trabalho da carreira. Se antes era Stevens – responsável pelos clássicos discos Illinois (2005) e Michigan (2003) – a principal base para o trabalho do músico, hoje as experiências de Hadreas talvez sejam outras, ou melhor, estejam mais bem estabelecidas. (Resenha)

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Psilosamples
Mental Surf (2012, Desmonta)

Existe algo de nostálgico na maneira como o mineiro Zé Rolê desenvolve as diversificadas composições de sua obra. Uma estranha nostalgia que absorve o que há de mais doce nas antigas cantigas de roda, na música brasileira de raiz e em referências muitas vezes esquecidas da cultura pátria. Amarrando todas essas múltiplas tonalidades em um pacote eletrônico (que jamais abandona a conexão com a estrutura orgânica), o produtor apresenta o rico Mental Surf, registro que mergulha fundo na cultura nacional, sem que para isso precise abusar de recortes clichês da nossa música ou características nacionais típicas de sons montados para a exportação. Longe do aspecto tímido que circundava o primeiro grande trabalho do artista em 2008 – o também versátil As Aventuras de Zé no Planeta Roça -, com o novo projeto o artista de Pouso Alegre, Minas Gerais faz nascer um trabalho que não apenas resgata a boa música de outras épocas, como garante novo e satisfatório sentido à ela. (Resenha)

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Rodrigo Campos
Bahia Fantástica (2012, YB Music)

Por necessidade de simplificar ou erro, há quem classifique a atual cena paulistana como um movimento único, sem repartições. Um erro. Enquanto Jeneci, Tulipa Ruiz e tantos mais se envolvem com um alinhamento brando, voltado para algo mais comercial, uma segunda vertente parece interessada em explorar um completo oposto disso. Focados em resgatar as experiências impostas pela vanguarda paulistana no começo da década de 1980, nomes como Rômulo Fróes, Thiago França construíram um pequeno cerco particular, um espaço imaterial onde colaboram, compõem e trocam influências. Também parte de toda essa “cooperativa musical”, Rodrigo Campos é o mais novo integrante do coletivo a se aventurar com o lançamento de um novo trabalho “solo”. Sob o nome de Bahia Fantástica o álbum dá um salto incrível em relação ao quase inexpressivo disco anterior, projeto que mesmo banhado pela mesma genialidade do compositor em construir crônicas e composições montadas em cima de personagens acabou devendo, como se o músico reservasse o verdadeiro ouro para o lançamento da recente obra. (Resenha)

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Sambanzo
Etiópia (2012, Independente)

Somente em 2011 o mineiro Thiago França foi responsável por dar cobertura a três grandes projetos da cena musical brasileira. Um Labirinto Em Cada Pé, do paulistano Romulo Fróes, Memórias Luso/Africanas do produtor Gui Amabis e, o mais importante deles, Metá Metá, trabalho desenvolvido ao lado dos colegas Juçara Amaral e Kiko Dannuci e registro que melhor contribuiu para dar visibilidade ao saxofonista. Ainda próximo desses mesmos colaboradores, porém livre para tomar as direções que bem entender, França, agora sob o nome de Sambanzo, apresenta um registro inteiramente marcado pelo suingue, utilizando do sax vívido que comanda para conduzir o ouvinte por entre complexos e riquíssimos campos musicais. Impregnado pelo tom volátil do samba e da gafieira, a temática calorosa da música africana e toda a multiplicidade de escolhas favorecidas pelo jazz, Etiópia apresenta Thiago França em um estado completamente oposto de qualquer possível território que o músico tenha pisado nos últimos anos – ou pelo menos tenha demonstrado em forma de registro ao público que o acompanha. (Resenha)

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Siba
Avante (2012, Independente)

Depois de apresentar dois excelentes discos que retratavam as múltiplas tonalidades da música trabalhada na Zona da Mata pernambucana – A Fuloresta do Samba de 2003 e Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar de 2007 -, Siba retorna agora com um registro parcialmente distante de suas anteriores investidas musicais, Avante. Oposto do regionalismo natural que habitava os dois anteriores projetos do músico, o recente álbum abre possibilidades para que Siba percorra um universo de guitarras leves e incursões sonoras que praticamente o transportam para idos da década de 1990, quando ainda fazia parte do grupo Mestre Ambrósio, um dos grandes e ingenuamente desconhecidos representantes do Mangue Beat. Se antes a cultura regionalista era o centro dos trabalhos de Siba, aqui ela ainda se faz presente, entretanto, posicionada como um enorme plano de fundo, não exposto em cores fortes e vibrantes, mas dentro de uma leveza em tom pastel. (Resenha)

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Single Parents
Unrest (2012, Trama/Popfuzz)

Houve um tempo, que fazer rock alternativo no Brasil era atividade para poucos e fortes. Sem o apoio das gravadoras e longe das facilidades que as redes sociais proporcionam hoje, assumir a frente de qualquer trabalho do gênero era atividade para indivíduos corajosos, personagens de vida dupla que se trancavam es escritórios durante o dia para empunhar guitarras firmes durante a noite. Desse panorama vieram algumas das mais importantes bandas que a década de 1990 pode proporcionar, nomes como Astromato, Pelvs e brincando de deus, grupos capazes de produzir um som que mesmo restrito a um público mínimo, faziam isso com destreza e vivacidade, característica que talvez falte para muitas das iniciantes bandas que nascem (e morrem) diariamente por todo o país. Em meio a tantos projetos redundantes, que insistem em beber pretensiosamente das mesmas fontes desses veteranos, estranho perceber o quanto a paulistana Single Parents mantém um aspecto de distinção em meio ao cenário nacional. Das guitarras de Fernando Dotta, passando pela bateria de Rafael Farah ao baixo de Anderson Lima, todas as faixas do recente Unrest partilham honestamente das mesmas experiências e sensações que os veteranos da cena brasileira transpiravam em seus trabalhos. (Resenha)

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The Walkmen
Heaven (2012, Fat Possum)

Musicalmente diversificada, a banda é dona de um rico senso de transformação, uma habilidade rara, visto que mesmo próximos de diversos estilo e vertentes musicais os integrantes conseguem remodelar cada canção dentro de uma fluidez própria, quase isolada, como se fossem capazes de dar uma sobrevida ao rock clássico, ao pós-punk ou quaisquer outros caminhos e sons que venham a percorrer. Com o lançamento de Heaven (2012, Fat Possum), sétimo trabalho oficial da banda, essa percepção se faz novamente visível. Espécie de sequência exata do disco anterior, Lisbon de 2010, o novo álbum arrasta o quinteto para junto do mesmo rock praiano que se dissolve nos registros recentes de grupos como Real Estate, Girls ou demais artistas responsáveis por esse som. Contudo, enquanto boa parte dos interessados nessa sonoridade viajam por um oceano que se materializa em cima de referências fundadas pelos Beach Boys, The Zombies e tantos outros anunciadores surgidos há quatro ou cinco décadas, o The Walkmen parece ir além, descendo até a música country, abraçando o pop de forma particular e até brincando com o recente cenário da música folk. (Resenha)

Veja Também: 20 discos que você deveria ter ouvido em 2011

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.