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Crítica

Alan Sparhawk

: "White Roses, My God"

Ano: 2024

Selo: Sub Pop

Gênero: Experimental

Para quem gosta de: Kim Gordon e Low

Ouça: Can U Hear, Get Still e Project 4 Ever

7.3
7.3

Alan Sparhawk: “White Roses, My God”

Ano: 2024

Selo: Sub Pop

Gênero: Experimental

Para quem gosta de: Kim Gordon e Low

Ouça: Can U Hear, Get Still e Project 4 Ever

/ Por: Cleber Facchi 17/10/2024

White Roses, My God (2024, Sub Pop) é um recomeço para Alan Sparhawk. Primeiro trabalho de estúdio do cantor e compositor norte-americano desde a morte da esposa e principal parceira de composição, a baterista Mimi Parker (1967 – 2022), o registro de onze faixas evidencia o esforço do músico que esteve à frente do Low durante quase três décadas em encontrar o próprio espaço em carreira solo. São canções ainda incipientes, em contínuo processo de transformação e talvez irregulares, porém sempre atrativas.

Parte desse resultado vem do esforço de Sparhawk em seguir e, ao mesmo tempo, perverter tudo aquilo que o Low havia testado nos dois últimos trabalhos de estúdio, Double Negative (2018) e Hey What (2021). Ainda fascinado pela produção eletrônica, o artista quase extingue a presença das guitarras para investir pesado no uso de sintetizadores e vozes sempre carregadas de efeitos. Mesmo os versos de cada canção, sempre curtos e cíclicos, ajudam a estabelecer a imagem de um músico tendo acesso a um mundo novo.

Entretanto, Sparhawk, que começou a carreira com o Low no início da década de 1990, está longe de ser um iniciante, o que torna algumas das escolhas tomadas ao longo do trabalho totalmente injustificáveis. Perfeita representação desse resultado é o que acontece em I Made This Beat, uma composição de letra esquelética e base tosca que mais parece um jovem artista descobrindo como funciona um software de gravação. Canções que mais parecem esboços quando próximas dos antigos registros do norte-americano.

Felizmente, essas pequenas deformidades de White Roses, My God, como Not The 1 e Heaven, se extinguem em um intervalo de poucos minutos, como respiros incômodos que antecedem canções de maior impacto. É o caso de Can U Hear. Escolhida por Sparhawk para anunciar a chegada do disco, a faixa destaca a força criativa do músico. São incontáveis camadas de sintetizadores, batidas e vozes que se transformam em um instrumento complementar, potência também evidente em composições como Project 4 Ever e Get Still.

É como se Sparhawk fosse ao encontro do mesmo território criativo de Kim Gordon no ainda recente The Collective (2024). Entretanto, enquanto a ex-integrante do Sonic Youth parece flertar com o trap de Playboi Carti e Lil Uzi Vert, em White Roses, My God vemos o músico dialogando com o trabalho de Charli XCX e outros nomes do hyperpop. O próprio artista compartilhou em suas redes sociais o fascínio por Brat (2024), novo álbum da cantora e compositora inglesa, indicando estar atento ao que acontece no presente cenário.

Partindo dessa inquietante combinação de estilos, Sparhawk apresenta ao público um trabalho que talvez desagrade aos ouvintes mais conservadores do Low, principalmente aqueles apaixonados por obras como I Could Live In Hope (1994) e Things We Lost In The Fire (2001), mas que evidencia o esforço do artista em buscar por novas possibilidades a cada empreitada em estúdio. São composições ainda incompletas, como um ensaio para o que está por vir, mas que em nenhum momento tendem ao conforto e à previsibilidade.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.