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Crítica

Baths

: "Gut"

Ano: 2025

Selo: Basement's Basement

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Geotic e Groundislava

Ouça: Eden e The Sound of a Blooming Flower

8.2
8.2

Baths: “Gut”

Ano: 2025

Selo: Basement's Basement

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Geotic e Groundislava

Ouça: Eden e The Sound of a Blooming Flower

/ Por: Cleber Facchi 04/03/2025

Quanto mais expositivos e dolorosos costumam ser os trabalhos de Will Wiesenfeld como Baths, melhor o resultado. Exemplo disso fica bastante evidente nas canções de Gut (2025, Basement’s Basement). Primeiro disco de inéditas do cantor, compositor e produtor norte-americano após um longo intervalo de oito anos, o sucessor de Romaplasm (2017) destaca a vulnerabilidade dos versos enquanto revela a força das batidas.

Tenho amigos da minha idade que são casados / ​​Ou vivem juntos e ficarão para sempre / E cada homem que beijei / Eu nunca passei mais do que uma noite”, canta em Chaos. Síntese criativa de tudo aquilo que o produtor busca desenvolver ao longo da obra, a faixa funciona como um passeio pela mente e desejos de Wiesenfeld, como um contraponto aos temas radiantes que pareciam orientar o repertório de Romaplasm.

Nesse sentido, difícil não pensar em Gut como uma extensão daquilo que Wiesenfeld havia testado há mais de uma década, durante o lançamento do também confessional Obsidian (2013). São versos que giram em torno das experiências fracassadas do produtor norte-americano e da necessidade em se fazer ser ouvido. “Você teria paciência / Para me escutar? / Estou pedindo”, implora o artista logo na introdutória Eyewall.

A principal diferença entre Gut e qualquer outro trabalho já apresentado por Baths está na forma como a intensa carga emocional aplicada ao registro se estende para além dos versos. Na contramão dos antigos projetos do músico, sempre marcados pelo reducionismo das batidas e sintetizadores, o presente álbum chama a atenção pela ferocidade dos elementos, levando a produção de Wiesenfeld para outras direções.

Não por acaso, Wiesenfeld fez da crescente Sea of Men a primeira composição do disco a ser revelada ao público, preparando o terreno para o que ainda estava por vir. Entretanto, ela é apenas um fragmento de tudo aquilo que o artista busca desenvolver ao longo da obra. E isso fica ainda mais evidente quando nos deparamos com a derradeira The Sound of a Blooming Flower. São pouco mais de sete minutos em que o produtor se utiliza de uma abordagem contida para explodir de maneira catártica nos momentos finais.

Apesar desses instantes de evidente grandeza, Wiesenfeld em nenhum momento limita o espaço de faixas como a reducionista Eden, Cedar Stairwell e Homosexuals, destacando ainda mais a fragilidade emocional do registro. Dessa forma, o artista não apenas garante ao público um de seus trabalhos mais equilibrados, como demonstra completo domínio sobre a própria criação mesmo após tantos anos de hiato do Baths.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.