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Ano: 2025

Selo: Thirty Tigers / Fire Next Time

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Brittany Howard e Leon Bridges

Ouça: Same Kind of Lonely e Slow Dance In A Gay Bar

8.2
8.2

Benjamin Booker: “Lower”

Ano: 2025

Selo: Thirty Tigers / Fire Next Time

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Brittany Howard e Leon Bridges

Ouça: Same Kind of Lonely e Slow Dance In A Gay Bar

/ Por: Cleber Facchi 04/02/2025

Sete anos separam Witness (2017) do material entregue em Lower (2025, Thirty Tigers / Fire Next Time). Com o longo intervalo entre um trabalho e outro, Benjamin Booker parece ter encontrado tempo para não somente potencializar tudo aquilo que vinha testando desde o autointitulado registro de estreia, lançado em 2014, como buscar por novas possibilidades, feito reforçado em cada composição do presente disco.

Acompanhado de Kenny Segal, produtor que, nos últimos anos, esteve envolvido em diferentes registros ao lado do rapper Billy Woods, Booker traz de volta o habitual blues rock que tem incorporado desde o início da carreira, porém, sustentando na construção das batidas e samples um diálogo bastante claro com o rap. A própria abertura do material, com Black Opps, trata de ambientar o ouvinte ao trabalho, mesclando uma base ruidosa que, ao ser melhor enquadrada, caberia facilmente em um disco assinado por Playboi Carti.

E isso é apenas o começo. Marcado pela pluralidade de elementos, Lower oferece a Booker a possibilidade de transitar por entre territórios até então inexplorados na obra do instrumentista. Em Slow Dance In A Gay Bar, por exemplo, percebemos uma vulnerabilidade poucas vezes antes observada no trabalho do músico. “Não estou acostumado a fazer isso / Estou aberto a coisas novas / Eu sei que um beijo é um beijo / Eu só quero que alguém me veja”, confessa o guitarrista em meio a arranjos e vozes macias, sempre acolhedoras.

Entretanto, prevalece nos momentos de maior ferocidade a passagem para algumas das melhores faixas do disco. É o caso de Speaking With the Dead, canção em que se aprofunda nas próprias inquietações, esbarra em questões raciais e deixa a produção ruidosa de Segal transbordar. O mesmo acontece na crescente Lwa In The Trailer Park, criação que se ergue como um bloco quase intransponível de guitarras, efeitos e vozes, como um acumulo natural de tudo aquilo que Booker incorpora em estúdio desde a inaugural Black Opps.

É como um preparativo para o que se revela de maneira ainda mais intensa no que talvez seja a principal música do disco, Same Kind of Lonely. Enquanto os versos, mais uma vez, destacam os medos e tormentos que consomem o artista, guitarras carregadas de efeitos e a produção acinzentada de Segal ampliam ainda mais os horizontes da obra. O próprio fechamento da canção, com samples de um tiroteiro mesclados com a risada da filha de Booker, tornam a sensação de insegurança vivida pelo guitarrista ainda mais evidente.

Tudo é tão poderoso que a sequência formada por Show and Tell, Heavy on My Mind e Hope for the Night acaba passando quase despercebida, revelando um desequilíbrio de forças ao longo do álbum. Entretanto, difícil não se deixar seduzir mesmo por essas canções menores. Do flerte com a eletrônica, em New World, passando pelo reducionismo de Pompeii Statues, sobram momentos em que Booker transita por diferentes estilos, fazendo de Lower uma obra que merece ser absorvida com atenção, da primeira à última música.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.