Ano: 2024
Selo: Urban Jungle
Gênero: Rock Psicodélico
Para quem gosta de: Carabobina e Tagore
Ouça: Corpo Asa, Amor de Indie e Chuva dos Olhos
Ano: 2024
Selo: Urban Jungle
Gênero: Rock Psicodélico
Para quem gosta de: Carabobina e Tagore
Ouça: Corpo Asa, Amor de Indie e Chuva dos Olhos
Primeiro registro de inéditas da Boogarins após um intervalo de cinco anos, Bacuri (2024, Urban Jungle) nasce como um acúmulo natural de tudo aquilo que a banda formada por Dinho Almeida (guitarra e voz), Benke Ferraz (guitarras), Raphael Vaz (baixo) e Ynaiã Benthroldo (bateria) tem explorado em mais de uma década de carreira. São composições que vão da psicodelia brasileira de As Plantas Que Curam (2013) ao experimentalismo iniciado com o curioso Lá Vem a Morte (2017) de maneira sempre consistente e autoral.
Se por um lado essa abordagem talvez prive o ouvinte de um material marcado pelo ineditismo, por outro, notamos um domínio criativo poucas vezes antes percebido em qualquer outro trabalho da banda. É como se o grupo que se formou em Goiânia no início da década passada soubesse exatamente que direção seguir em estúdio. Canções que entrelaçam camadas de guitarras, vozes sempre carregadas de efeitos e arranjos psicodélicos que potencializam a robustez explícita pelo quarteto desde a entrega do ótimo Manual (2015).
E isso tem um motivo. Se em início de carreira a banda parecia pertencer somente a Almeida e Ferraz, hoje percebemos a Boogarins como grupo. Não por acaso, os músicos assinam em conjunto cada uma das dez canções que integram o disco, além de se revezar no uso das vozes, com Benthroldo na introdutória faixa-título, Vaz em Poeira e Ferraz em Chrystian e Ralf (Só Deus Sabe). O quarteto conta até com o acréscimo de uma nova colaboradora em estúdio, Alejandra Luciani, que assina a coprodução e mixagem do trabalho.
Embora marcado pela maturidade do quarteto, Bacuri em nenhum momento perde a jovialidade e frescor característico dos registros que o antecedem. Há sempre uma nova composição que leva o trabalho para outras direções, como as harmonias de vozes e denso acabamento eletrônico de Crescer ou mesmo no som meditativo da já citada canção de abertura. Entretanto, é quando o grupo faz o que sabe de melhor que o registro destaca a potência da banda em estúdio e captura a atenção do ouvinte sem grandes dificuldades.
Exemplo disso fica mais do que evidente em Corpo Asa, faixa que atualiza o romantismo lisérgico testado por Milton Nascimento e seus companheiros do Clube da Esquina (1972) cinco décadas antes. Já em Amor de Indie, são incontáveis camadas instrumentais que alternam entre o delírio e a realidade, levando o som da banda para outras direções. Nada que impossibilite a criação de músicas mais imediatas, como Chuva dos Olhos, composição que sustenta no característico timbre das guitarras e vozes macias de Almeida um aceno nostálgico para tudo aquilo que o quarteto havia desenvolvido nos primeiros trabalhos em estúdio.
Próximo e, ao mesmo tempo, distante dos registros que o antecedem, Bacuri mostra o grupo goiano em sua melhor forma. É como se a banda desse um passo atrás em relação aos experimentos e temas abstratos de Sombrou Dúvida (2019), porém, abrindo passagem para um universo de novas possibilidades e diferentes direções criativas que potencializam o que há de mais interessante no som desenvolvido pela Boogarins.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.