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Crítica

Caetano Veloso

: "Abraçaço"

Ano: 2012

Selo: Universal

Gênero: Rock, MPB, Samba

Para quem gosta de: Gal Costa e Tom Zé

Ouça: A Bossa Nova É Foda e Estou Triste

9.0
9.0

Caetano Veloso: “Abraçaço”

Ano: 2012

Selo: Universal

Gênero: Rock, MPB, Samba

Para quem gosta de: Gal Costa e Tom Zé

Ouça: A Bossa Nova É Foda e Estou Triste

/ Por: Cleber Facchi 13/02/2020

Lançado sob grande expectativa, o último capítulo da trilogia Cê trouxe novo fôlego à obra de Caetano Veloso. Sequência ao material entregue no moroso Zii e Zie (2009), Abraçaço (2012) diz a que veio logo nos primeiros minutos, na explosiva A Bossa Nova É Foda. São pouco menos de quatro minutos em que as guitarras de Pedro Sá, co-produtor do disco junto de Moreno Veloso, se chocam com a bateria de Marcelo Callado e o baixo denso de Ricardo Dias Gomes. Um som urbano, forte, estrutura que se completa pelo lirismo misterioso do músico baiano, tão inspirado pela obra de João Gilberto (“O bruxo de Juazeiro numa caverna do louro francês“) e Bob Dylan (“E tanto faz se o bardo judeu romântico de Minessota“), como pela herança da Família Gracie na consolidação de diferentes nomes do MMA no Brasil (“O velho transformou o mito das raças tristes / Em Minotauros / Junior Cigano / Em José Aldo / Lyoto Machida / Vítor Belfort / Anderson Silva / E a coisa toda“).

Uma vez imerso nesse cenário regido pela força das ideias, Caetano vai do próprio isolamento, como na amarga Estou Triste (“Sinto o peito vazio, farto / Estou triste, tão triste / E o lugar mais frio do rio é o meu quarto“), ao diálogo poético com diferentes símbolos da luta política no Brasil, caso de Dorothy Stang, em O Império da Lei, e Carlos Marighella, na extensa narrativa de Um Comunista. Surgem ainda faixas como Funk Melódico, com suas batidas e versos rápidos, e a colorida Parabéns, música completa pelas vozes de Thalma de Freitas, Nina Becker, Lan Lan e Alinne Moraes. Um bem servido cardápio de ideias que orienta de forma positiva a experiência do público até a derradeira Gayana, criação do tropicalista Rogério Duarte (1939 – 2016) que tinge com melancolia o fechamento da obra (“E se um dia eu me for / Para onde Deus me levar / Mesmo assim, meu amor / Com você vai ficar“).



Este texto faz parte da nossa lista comOs 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década.Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.