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Crítica

Cults

: "To The Ghosts"

Ano: 2024

Selo: Imperial

Gênero: Indie Pop

Para quem gosta de: Beach House e Tennis

Ouça: Crybaby, Behave e Hung The Moon

6.5
6.5

Cults: “To The Ghosts”

Ano: 2024

Selo: Imperial

Gênero: Indie Pop

Para quem gosta de: Beach House e Tennis

Ouça: Crybaby, Behave e Hung The Moon

/ Por: Cleber Facchi 20/08/2024

Bastam os acordes iniciais de Crybaby, música de abertura em To The Ghosts (2024, Imperial), para que o ouvinte seja prontamente ambientado ao quinto e mais recente trabalho de estúdio do Cults. Sequência ao pandêmico Host (2020), o registro é, como tudo aquilo que tem sido explorado por Madeline Follin e Brian Oblivion desde o início da década passada, uma viagem nostálgica em direção ao passado. Canções que não apenas apontam para o pop dos anos 1960, como emulam temas e conceitos bastante característicos.

Embora falte surpresa ao som da dupla, To the Ghosts, assim como os registros que o antecedem, caso do homônimo álbum de 2011, Static (2013) e Offering (2017), encanta pelo domínio técnico e capacidade dos dois artistas em transportar o ouvinte para um passado imaginário. Dos arranjos de guitarras à bateria calculada e uso das vozes que instantaneamente evocam nomes como The Ronettes, tudo parece alinhado pelo duo nova-iorquino que já contabiliza mais de uma década de carreira e um vasto acervo de canções.

A principal diferença em relação aos antigos trabalhos da banda, principalmente os dois últimos, está na maneira como a dupla concede ao repertório uma atmosfera soturna, ampliando aquilo que foi testado inicialmente em Static. Exemplo disso fica bastante evidente no uso destacado dos sintetizadores que aos poucos tomam conta de Onions ou na derradeira Hung The Moon, música que preserva a identidade do Cults, mas que parece saída do Bang Bang Bar, fictício estabelecimento à beira da estrada em Twin Peaks.

É como se os dois artistas, mesmo intimamente conectados ao universo explorado logo no autointitulado registro de estreia, aos poucos avançassem em outras direções, estreitando laços com a música produzida nos anos 1970 e 1980. Perfeita representação desse resultado pode ser percebida em Crystal, música que carrega nos sintetizadores melódicos um aceno para a obra do The Cure, ou mesmo a já conhecida Left My Keys, canção que atravessa as cortinas dos anos 1960 para provar do revivalismo da cena New Romantic.

Nada que prepare o ouvinte para o que se apresenta em Behave. Diferente de tudo aquilo que caracteriza o som da banda, a faixa de quase três minutos não apenas rompe com o restante do trabalho, como destaca a capacidade da dupla em brincar com o pop em uma abordagem que dialoga com o presente. Com a voz como principal instrumento, Follin e Oblivion avançam em direção ao mesmo território criativo de nomes como SOPHIE e A. G. Cook, proposta que amplia de maneira totalmente inesperada os horizontes do Cults.

Claro que isso não passa de uma curva breve dentro de To The Ghosts, tanto que Open Water, vinda logo em sequência, mais uma vez traz o trabalho de volta ao mesmo pop enevoado que há tempos embala as criações da dupla. É como se os dois artistas, mesmos cientes da própria capacidade de ir além, optassem pela segurança previsível do conforto e tudo aquilo que consolidaram em mais de uma década de carreira. O resultado direto disso está na entrega de uma obra que agrada, mas em nenhum momento impressiona.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.